Unleash the Beast

Chegou assim à Buckler.pt este pequeno monstro...

      Apesar de não parecer, também estivemos de férias. Alguns dias para recalibrar corpo e mente e também as nossas máquinas fotográficas, embora já acusem o peso deste ano. Apesar da pandemia, apesar das limitações, temos tido mais trabalho que em 2019 e claro, que em 2020, muito dele fruto das parcerias com empresas que abraçaram connosco esta aventura. Todos nós sabemos que o crescimento de uma marca acontece pela entrega dos seus trabalhadores e dos apoios e ligações feitas ao longo dos tempos. Também nós, embora sejamos pequeninos e ainda pouco conhecidos, procuramos cimentar conexões com aqueles que nos dizem mais ou pela forma de trabalhar ou simplesmente pelo estilo do que fazem. Uma das parcerias que celebramos hoje é com a Buckler.pt. Alguns podem até dizer «Outra vez arroz?» mas temos de salientar que esta pequena empresa tem crescido e aceite trabalhos cada vez mais interessantes e exigentes.

       Até estas palavras, já viram um pouco do que é o processo de forrar um automóvel com vinil. Um processo moroso, exigente e que acaba sempre por ser a «cara» de quem fez o trabalho pois sabemos bem que um defeito faz falar bem mais do que a qualidade do trabalho. Assim, a exigência está sempre no máximo nestes trabalhos de carwrap mas este Abarth 595 Monster Energy Yamaha é especial e também é especial o trabalho feito neste «escorpião» que realça a parceria feita entre a marca italiana e a japonesa de motas, inspirado nas Yamaha YZR-M1 de 2020 de Valentino Rossi e Maverick Viñales. Mas já vamos falar sobre o quão especial é esta versão «especial» do bem sucedido Abarth 500. Antes temos de vos orientar o olhar para as fotografias que se vão seguir depois deste parágrafo, do produto final e vos pedir para rapidamente espreitarem as do making-off para que percebam a diferença. Já perceberam então que este «escorpião» foi forrado com vinil impresso da Arlon, com todas as características da edição especial que é, mas sem se notar os autocolantes colados.

        A garra da Monster Energy e a marca Yamaha Racing na porta deixaram de ser meros stickers para serem incluídos na própria pintura. O cliente e dono deste Abarth 595 Monster Energy tinha apenas duas exigências: não se notarem os autocolantes e manter a originalidade da versão que é, dado que é um de 2000 feitos. A ligação entre a marca Fiat e a Yamaha já remonta a 2015, tendo sido necessário aguardar 2 anos até surgira a primeira versão comemorativa da referida parceria. 5 anos volvidos, surge este vistoso modelo, que pode ser adquirido também na versão cabrio, diferindo apenas o tejadilho, obviamente. No mesmo tom azul podio e preto scorpione, o Abarth que aqui vos trazemos relança os esquemas de pintura bi-color com a linha de divisão ligeiramente abaixo da linha de cintura, sendo a parte azul quebrada por apontamentos cinzentos dos puxadores e dos frisos da mala e do emblema, na frente.

      Apesar dos 500 Abarth serem modelos por si só vistosos e já com um nível de preços algo elevado para o patamar em que se insere, a exclusividade e capacidade de personalização de cada um deles faz com que sejam dos mais bem sucedidos dos pocketrocket atualmente em comercialização e a Abarth, sabendo disso, vai explorando cada vez mais os nichos e as parcerias que tem, mostrando que até um grande nome da industria necessita de apoios para crescer ou para neste caso, se manter com o sucesso que tem alcançado. Em média, o Abarth 595 Monster Energy Yamaha fica cerca de 1200€ mais caro que a versão semelhante em preto. Mas este valor dá então acesso a uma versão limitada e personalizada com as tais duas cores e com a «garra» da marca da famosa bebida energética no capot e como referimos, na base das portas, o logótipo da divisão desportiva da marca de motas japonesa.

Os ângulos mais «abusados» casam bem com o novo look deste 595 Abarth.

      E basicamente, é isto. Perante outros Abarth 595 não há outras alterações estéticas a destacar. Na frente continuamos a ter o ar simpático e divertido do Fiat 500 com uma generosa entrada de ar com as letras A B A R T H neste caso pintadas em azul para maior contraste. Esta zona, em plástico preto engloba os faróis de nevoeiro e é responsável por si só pela intensa imagem deste Abarth 595. Quem o vir aproximar-se pelo espelho retrovisor já sabe que ali vem algo rápido, eficiente em curva e bastante divertido para quem o conduz. Temos ainda duas pequenas entradas de ar mais laterais que albergam os radiadores de óleo e mais dois pares de faróis sendo os mais pequenos as luzes diurnas. Na versão Buckler.pt o desgaste impresso no vinil é menos evidente nesta porção, mas perfeitamente alinhado com o friso ou com os faróis, notando-se zonas mais a preto em determinados cantos e arestas deste Fiat.

       Aliás, em toda a carroçaria o cuidado da aplicação do vinil foi mais que muita, de forma a que os logos da Yamaha e da garra da Monster batessem exactamente no mesmo local que os autocolantes originais. Mas se acham que foi só isso, estão muito enganados. E alinhar tudo? Manter as zonas com maior «desgaste» alinhadas com os painéis do 595, ou com as uniões e zonas de maior sombra? O desafio foi aceite pela equipa da Buckler e bem executada e onde isso é mais evidente é na lateral, com as palavras «Yamaha Factory Racing» perfeitamente alinhadas com a carroçaria e o não tão pequeno logótipo da Monster Energy no painel traseiro também com a mesma distância ao vidro e à porta que no original. E aí podem notar o primeiro detalhe, o número 666 a invocar a «besta» que é este Monstrous Abarth (espreitem o perfil do Instagram deste Abarth, vale a pena). Ainda nesta zona, digamos, destacam-se as jantes pretas de 17 polegadas «padrão» de nome Formula destas versões com travagem perfurada para mais eficácia quando necessário recorrer aos mesmos.

O Spoiler da versão do 70º Aniversário assenta lindamente!

       Na traseira o estilo desportivo mantêm-se e aqui entra outra modificação requisitada pelo cliente. O spoiler inspirado na edição de aniversário dos 70 anos da marca Abarth, personalizado com a marca de bebidas energéticas que no início parecia ser algo exagerado mas que depois de terminado fica, numa palavra, um estrondo. Mais abaixo, temos novamente o desvanecer do vinil e o desgaste mais acentuado, dado que estamos na traseira deste 595. Temos nova personalização e invocação do número demoníaco e uma menção ao slogan da Monster Energy. E é ainda nesta secção que encontramos outra modificação face ao modelo original. As duas ponteiras Akrapovic (que anunciam uma linha completa da mesma marca) ao invés das quatro que fazem parte do escape Record Monza; mantém-se a válvula ativa, característica deste modelo, mas apenas temos duas ponteiras, generosas e que a nosso ver, ficam bastante melhor preenchendo melhor as zonas do difusor que albergam as referidas ponteiras.

 

      E já que falamos de ponteiras, escapes e válvulas, temos de entrar não só no campo dinâmico como sonoro deste Abarth 595 Monster Energy Yamaha (credo, nome comprido…). O cantar mais grosso e agressivo com as famosas pipocas acontecem em baixos regimes, que é o ideal para quem gosta de dar nas vistas no pára-arranca da cidade ou então já perto do redline, em modo Sport. Mas não se desenganem, desde que se dá à chave que a comissão de boas vindas do 1.4 Tjet de 165 cavalos (que neste Abarth já são mais, fruto de uma remap eletrónica) e capaz de debitar 230 nm de binário (de origem) entra em acção com um soar de escape profundo e como que a avisar que vai haver festa se escalonarmos bem a caixa de velocidades de 5 velocidades e de curso longo mas preciso que encontramos neste Abarth. E se ligarmos este 595 já em modo Sport, a válvula do escape já aberta convida-nos a arrancar rapidamente rumo à primeira zona de curvas que encontrarmos.

       E como é conduzir este Abarth? Honestamente é muito semelhante a todas as outras versões, umas com mais ou menos eficiência em curva, fruto de diferentes afinações de suspensão ou motor, outras com mais conforto. Este 595 Abarth versão «monstra» acaba por ser um meio termo entre as versões mais banais e as de maior raça como a Record que já fotografamos. Em curva e com o modo Sport seleccionado, a suspensão ativa FSD (com amortecimento selectivo) o pisar da estrada é mais firme sem ser desconfortável e o pequeno Fiat adorna menos, aumentando a confiança para incutir ainda mais vivacidade ao andamento. Os travões respondem bem à fadiga e conseguem abrandar os ritmos agressivos de forma eficiente. E tudo isto, sempre com uma boa banda sonora, que neste caso especifico ainda está mais aprimorada devido à Akrapovic, marca cada vez mais presente em diversos veículos que vamos testando e fotografando.

     Já falamos do comportamento dinâmico, da estética 100% personalizada com o vinil impresso, das pequenas modificações… mas no habitáculo, tudo está como de fábrica. Continuamos a ter o espaço de um Fiat 500 o que significa que atrás quem lá se senta não pode ser muito alto e na frente, temos detalhes e pormenores transversais a todas as versões Abarth. Mas como em todas as versões especiais, há claro pontos de diferenciação e de exclusividade. Também aqui os tons azul e preto são os escolhidos, apenas quebrados pelo verde da Monster no emblema no banco. Os bancos todos em tecido azul e preto com o tal detalhe e rebordo azul, semi-baquet, levam uma crítica na forma como nos seguram em andamento mais vivo. Necessitavam de mais apoio lateral e lombar mas também é algo que não mancha o conforto, aliás até o beneficia quando precisamos de levantar o pé e voltar aos comportamentos civilizados em cidade, por exemplo.

       A manete de velocidades está muito bem colocada, alta e fácil de manusear e o volante em alcântara com a risca azul nas «12h» é de excelente pega e também foi personalizado com uma porção do vinil exterior, para uma melhor ligação entre a carroçaria e o habitáculo. No túnel central, entre os bancos, temos uma placa de numeração que indica a versão e o número de modelos fabricados e os pedais têm um pequeno escorpião. Temos ainda um cockpit virtual no quadrante com um sempre interessante e divertido medidor de forças G e no ecrã do sistema multimédia temos uma animação com um pequeno Abarth a entrar numa garagem, quando desligamos a ignição. Detalhes que fazem a diferença e que na hora de puxar do cartão para pagar a fatura acaba por engrossar parte dela. Mas numa aquisição de um destes carros, é a emoção que paga e não a razão e em compras emocionais, o preço nunca é fator de decisão.

       A falta de praticabilidade para utilização diária e os consumos algo elevados tendo em conta os preços atuais dos combustíveis e um preço, com extras, perto dos 30 K€, não são fatores de exclusão quando se trata de (mais) um modelo especial e limitado da marca do Escorpião. Muito é justificado pela camaradagem dos grupos que vão surgindo nas redes sociais e claro, pelo fator exclusividade e pela emoção que é conduzir um pequeno desportivo, adorado por muitos. Não vamos entrar em mais detalhes mas não podemos terminar este artigo sem o agradecimento à Buckler.pt por confiar no nosso trabalho e ao dono deste Abarth pela exposição que tem dado às nossas fotografias. Temos ainda que referir o grupo Abarth Club Lusitano cuja parceria com a AWP e com a Buckler.pt começou neste mesmo projecto. E… bem, espreitem o vídeo abaixo, que ajuda a compreender todo o complexo processo de instalação de um vinil impresso.