


O verão já se despediu do calendário mas os dias de sol e calor ainda perduram. Apesar disso, S. Pedro decidiu dar um dia bem cinzento e até chuvoso à nossa ida ao norte do país. Continuamos a ter imenso para conhecer da cultura automóvel nacional e os convites para o fazermos abundam, pelo que a All Wheels Photography mesmo com o tempo mais incerto se fez à estrada com destino ao Porto. Com tempo ainda disponível antes da sessão, demos uma volta pelas ruas da Invicta para nos inspirarmos e claro, fazer algo que já se tornou quase um passatempo: ver os automóveis que por lá circulam. O «lavar-de-vistas» é constante e anima-nos enquanto petrolheads e ajuda a ter inspiração para o que se seguiria.




Encontramos o BMW E46 desta sessão na Marina do Freixo, local emblemático da cidade nas margens do Douro e que exploramos de imediato em busca de um local que envolvesse este BMW e claro, o deixasse ser o centro das atenções. Contudo, e talvez fruto do céu cinzento e carregado, as cores e tons não nos cativaram e o facto da zona ser procurada para a prática desportiva e pesca fez com que o local estivesse cheio de transeuntes que claro, não deixaram de admirar e apreciar o belo 320d. Com o Fábio, dono deste E46, veio o Michael, que certamente se lembram, é o dono do bonito serie 1 descapotável que fotografámos na nossa última vinda ao norte. Felizmente, ambos conheciam um local, um pouco mais acima do Douro que prometia ser excelente para a sessão fotográfica.



E não desapontou. Subimos o Douro devagar, para apreciar as belas paisagens que só nesta zona do país se conseguem ter e apesar da viagem ser curta, deu para nos animar e claro, a vontade de fazer a N222 (algo que já se falou à muito, com alguns amigos e registar fotograficamente o evento) veio ao de cima. Mas hoje é para este BMW E46 que as nossas lentes estão voltadas. Chegados a Valbom, Gondomar, é hora de colocar o carro a jeito, ver as definições da máquina e começar a disparar.

O E46 surgiu em 1998 como a quarta geração do familiar médio da BMW, o série 3. Veio substituir o E36 e carregou «às costas» a responsabilidade de vender tão bem quando o seu antecessor. E não desapontou as gentes da BMW, que viram o lucro da marca crescer nos 8 anos em que as versões do E46 estiveram à venda. Com maior apoio aerodinâmico, um chassis reforçado e uma gama de motores revista e numerosa, o E46 agradava a todos os que procuravam um automóvel rápido, confortável e de qualidade. De salientar ainda que foi com a quarta geração do série 3 que voltaram as versões de tracção integral (x), em desuso na terceira geração (E36).



A versão que temos aqui, a 320d foi certamente a mais importante para os mercados europeus, onde o preço dos combustíveis mais cresceu durante os anos de desenvolvimento e comercialização do E46. Em Portugal mais de metade dos modelos desta geração vendidos eram 320d e dentro das opções diesel, a preferência por esta motorização é clara: consumos medianos, performance interessante e preço de tabela «em conta» traduziu-se num sucesso de vendas, seja na versão sedan, carrinha ou coupé.


Tal como em outros modelos e gerações de BMW, os extras podem ser extensos mas alguns são mesmo obrigatórios. No entanto, por vezes comprar os automóveis desprovidos de opcionais e ir colocando os mesmos ao longo do tempo pode ser mais económico e claro, bem mais divertido. É isso que constitui um projecto com base em alterações OEM+ (original equipament manufacter = fabricante do equipamento original), ou seja, colocar extras e opcionais da própria marca num modelo que não os trás de fábrica ou que simplesmente não poderiam ser colocados no momento da compra. E este projecto é um bom exemplo disso.
Começa logo no exterior. Fonte de alguma discórdia, o subtil mas interessante e até essencial pack M (fase 1 ou M-tech 1) dá um ar mais jovem e atualizado ao série 3. Na frente o pára-choques mais baixo, com dupla entrada de ar e com faróis de nevoeiro redondos chama a atenção para o perfil mais agressivo deste E46. Os faróis foram modificados pelo próprio Fábio, passando dos normais e enfadonhos faróis de halogéneo para bi-xénon com angel eyes, com um incremento não só estético como também visual, pois permite iluminar bem melhor as estradas por onde passa. O lip EzLip completa a estética da frente.




Na lateral é evidente o cuidado e a máxima less is more (mais é menos). Basta um bom rebaixamento e jantes vistosas para se conseguir uma postura de excelência. Neste caso, o rebaixamento ficou a cargo da já habituação suspensão a ar (vulgo bags) da marca A2K com controlador manual da mesma marca. O curso dessa suspensão permite que o BMW encoste ao chão, causando um grande impacto. O que também causa impacto são as vistosas e bem conseguidas jantes ETA Beta Krone de 18 polegadas. Mais uma vez, é nos detalhes que reside o segredo. Neste E46, as jantes da frente têm 9 polegadas de largura e as de trás 10,5, criando um aspecto musculado e de perfil largo principalmente na traseira.


A traseira é, talvez, a parte deste BMW mais simples mas que não deixa de estar em concordância com o restante arranjo estético. O pack M conta com um difusor discreto que ganha força com a dupla ponteira em inox e com os farolins all red. E verdade seja dita, esta traseira está muito bem conseguida e é um eye-candy para as lentes da AWP. Depois de explorarmos bem o exterior, resolvemos entrar para o E46.





Esperávamos encarar com o interior tipicamente BMW ao abrir a porta: enfadonho, escuro, cheio de plásticos brilhantes e duros, tão ao estilo dos anos 90 mas apesar de encontrarmos esses plásticos, damos com eles extremamente bem cuidados e mantidos e ladeados de alguns extras muito bem pensados e que dão ao interior deste E46 um aspecto bem mais desportivo e até sofisticado. O volante M integralmente forrado em alcântara e os pedais M contribuem visualmente para essa melhoria do ambiente a bordo e permitem uma condução mais confortável e intuitiva. Os bancos com apoio extra para as pernas acusam a idade mas não é por isso que deixam de ser confortáveis e mais user friendly que muitos de automóveis bem mais recentes. As soleiras Special Edition são uma curiosidade que dá ênfase à atenção ao detalhe do Fábio perante o seu projecto automóvel.





Aproveitamos ainda o tempo antes do almoço para mais algumas fotos. Apesar de ser apanágio da AWP fazermos as fotos em andamento, das quais gostamos imenso e que habitualmente resultam muito bem, percebemos rapidamente que não teríamos local adequado para o fazer. Cruzamos informações, agarramo-nos aos telemóveis e ao Google Maps mas nada na zona permitia a produção das tais fotografias. De repente, qual rasgo de sol por entre as nuvens, fez-se luz. A marginal de Leça da Palmeira! Local conhecido quer da equipa da All Wheels Photography como do Fábio e do Michael, seria o local ideal para fazer essas fotografias, pelo pouco movimento e pelo bom asfalto que tem.



A caminho então. À medida que chegávamos à zona de Leça, o tempo mudou. S. Pedro voltava a mostrar má cara e presenteou-nos com nevoeiro baixo, chuva miudinha e um vento algo desagradável. Seria o Outono? Como somos algo teimosos e gostamos mesmo é de fazer fotografia automóvel, não deixámos que isso nos intimidasse e colocamos os carros em posição. Temos de agradecer ao Michael pela ajuda nesta parte da sessão fotográfica e também ao João Lima, da StancerWheels que apareceu para almoçar connosco e partilhar um pouco da sua experiência quer fotográfica, quer na área do desenho automóvel, onde tem desenvolvido a sua arte.

As horas passam mesmo rápido quando estamos entretidos. Rapidamente chegou a hora de nos despedirmos de todos, rumo ao Sul. Uma manhã e início de tarde muito bem passados, onde o tema foi aquilo que nos une e gostamos: automóveis! Amizades criadas, conversas animadas e momentos bem registados em fotografia é o que trazemos novamente na bagagem de mais uma incursão ao norte do nosso país. Obrigado!
