The John Cooper Works

Um JCW, um pôr-do-sol e muita estrada para percorrer.

      A paixão pela Mini é algo difícil de explicar. Gostar de um modelo com preço acima da média, espaço acanhado e desconforto assumido parece um paradoxo digno de estudo. Mas as paixões acabam por ser assim: difíceis de explicar. O que é certo é que sabemos que não somos os únicos pois cada vez mais surgem pela internet grupos, fóruns, sites e páginas sociais que visam reunir os aficionados desta marca. Foi através de uma destas páginas no Facebook que conhecemos alguns dos mais acérrimos fãs da marca e que felizmente nos abriram portas a conhecer outros amantes da marca, cada um deles com um modelo cheio de história, classe e estilo. Certamente que se recordam do artigo especial (que voltaremos a postar em breve) em que colocámos frente a frente duas gerações diferentes do enérgico Cooper S, o R53 e o R56. Pois bem, não satisfeitos com esse artigo, procurámos ter na All Wheels Photohgraphy o mais recente rei dos Minis, o Cooper S F56. Contudo e graças à preciosa ajuda do dono do R56 do tal artigo especial, conhecemos um bonito e potente JCW F56 que nos enche as medidas.

    JCW é a abreviatura de Jonh Cooper Works, uma empresa britânica fundada em 2000 por Michael Cooper, filho de Jonh Cooper que era responsável pelas alterações mecânicas nos clássicos Mini utilizados em rallys. Desde 2008 que o logo JCW pertence à BMW que a par da Mini ficou com o domínio total da histórica marca inglesa. Inicialmente comercializado como kit, o logo JCW era associado apenas a um upgrade que melhorava o comportamento e o som dos Mini Cooper. Mais tarde as alterações atribuídas com o nome JCW eram mais potentes e já se definiam como um kit de modificações não só mecânicas (com aumento de potência), como estéticas e sonoras (característico do escape destes modelos).

    Em 2008 surge o primeiro modelo de fábrica JCW, tratando-se de uma versão completa em vez de um kit. Desde então, todas os modelos da Mini contam com um topo de gama com três letras na sua designação (englobando o GP), continuando o legado deixado por Jonh Cooper.

    Apesar da cor dominante ser o preto neste «nosso» JCW, sobriedade e discrição são termos não aplicáveis ao Mini, pois o midnight black da carroçaria contrasta bem com o tejadilho e espelhos vermelhos. Claro que parte da experiência Mini é a personalização, quer esta seja de fábrica ou aftermarket e portanto, a temática vermelho-preto estende-se a outras partes deste JCW, como as pequenas aplicações nos pára-choques da frente e zona envolvente do pisca lateral.

    A frente deste irrequieto Mini denuncia a sua chegada com o baixo-pára-choques adornado com três pequenas entradas de ar na parte inferior e uma enorme na zona superior onde se consegue ver o generoso radiador. Os faróis de xénon com a característica e interessante luz diurna em ferradura assumem a responsabilidade de assinar a sua imagem nas imersões noturnas.

    Um pouco por todo o carro, os logos JCW marcam este modelo. Na grelha da frente, piscas laterais, traseira e também no interior, as três letras características deste modelo não se envergonham de se mostrar. A lateral deste Cooper é marcado pelo formato hothatch característico dos Mini com um perfil de traseira curta e capot algo longo para um automóvel compacto. O tejadilho vermelho faz realmente uma grande vista e assenta que nem uma luva no cariz desportivo do pequeno Cooper. Já na traseira a história repete-se com os farolins a assumirem a assinatura noturna e a complementarem a imponente retaguarda onde o grande destaque vai para o difusor e para as generosas «trompetes» responsáveis pelo cantar tão único deste carro e que inclui as célebres pops and bangs tão característicos destes Mini mas que neste caso, estão ainda mais audíveis devido à linha de escape JCW Pro.

Sim, são bonitas estas OZ... já lá vamos!
OZ Racing e John Cooper Works. Ficam bem lado a lado.

   Como projecto em início de evolução que é, este JCW conta com alguns acertos estéticos e dinâmicos. Tem alguns apontamentos quer no spoiler traseiro, quer nos lips dos pára-choques que fazem parte do tal pacote Pro e que confere um detalhe interessante e bastante único a este Cooper. As jantes de 18 polegadas da conhecida marca OZ (neste caso, umas bonitas Ultraleggera) num bonito tom cinzento mostram os potentes travões JCW da Brembo (entretanto alvo de um upgrade interessante…) que além da beleza demonstram ter um grande poderio na redução da velocidade sempre que nos aproximamos de uma curva apertada. Mas já lá vamos.

A «rolar» para o segundo local das fotos.

    Falar de um Mini é também falar do seu interior, um ponto tantas vezes criticado num veículo que visa recriar um dos maiores sucessos de habitabilidade interior. Se bem se recordam, o Mini clássico de Alec Issigonis era portador de um design único que valorizava o espaço interior e as reduzidas dimensões exteriores. Pois, hoje em dia o Mini é conhecido pelo… contrário. Cada vez maior exteriormente, sem que o habitáculo acompanhe as proporções de aumento. Contudo, não pensem que estar no interior do Mini «moderno» significa ter os joelhos encostados ao queixo. Nada disso… as quotas de habitabilidade são razoáveis para o segmento mas continua a existir uma sensação de «acanhamento» no interior deste e de qualquer Mini. A proximidade do para-brisas (nos lugares da frente) e o pouco espaço para a cabeça (nos lugares posteriores) são os principais contribuidores para esta sensação. No entanto, este JCW consegue remover todo e qualquer sentimento de claustrofobia, pois orienta e foca a nossa atenção única e exclusivamente para a condução.

    O volante forrado a alcântara e de pega perfeita – já estivemos na presença de muitos automóveis, com volantes de diferentes materiais e formatos, mas este deixa-nos com vontade de o remover da coluna de direcção e levá-lo para casa! – conjuga-se num misto de conforto e desportividade com as baquets de grande envolvência. Além da função, este conjunto também é um verdadeiro regalo para a vista, completando o excelente aspecto global este Mini JCW. Além dos bancos e volante, há mais para ver e apreciar no habitáculo deste Cooper. A manete redonda, de manuseamento curto mas certo e sem falhas, com um certo clank metálico a acompanhar a engrenagem das diferentes velocidades. O grande mostrador central troca o velocímetro por um muito interessante e importante ecrã a cores, em HD, que entre outras infos serve para mostrar infos acerca do motor, mapas GPS e infos de música, claro. O referido velocímetro passou para a frente do volante ao lado do conta-rotações que se revelou uma melhoria franca na ergonomia ao volante deste JCW.

   Dos pequenos botões interiores inspirados na aviação aos detalhes da grelhas exteriores e adaptações aerodinâmicas, tudo neste Mini JCW foi criado para atrair as atenções e os olhares. Mesmo depois de todas as fotos que tirámos, ao editá-las descobrimos pequenos pormenores que nos passaram ao lado durante a sessão fotográfica. A atenção ao detalhe tão característica de modelos icónicos como o Mini é levada ao extremo com as hipóteses de personalização logo de fábrica mas cujos limites ainda não são conhecidos, dado que existe uma infinidade de escolhas para cada Mini.

   Dentro do complexo habitacional da zona do Guincho, descobrimos que este JCW fica bem também em ambientes mais elegantes. Enquanto que a postura desportiva e agressiva em pista nos transmite confiança e adrenalina, a sua classe e imagem tradicionalmente Mini acaba por se misturar bem com a arquitectura e paisagem da zona escolhida para estas fotos. O Hotel Martinhal de Cascais acabou por se revelar ideal para servir como cenário ao primeiro local das fotos, contribuindo com um local calmo, relaxante e esteticamente interessante. Caminhamos ao longo das pequenas e pitorescas ruas e encontramos mais um local, que mistura já o modernismo do Mini com o ar mais vintage da parede e da vegetação envolvente. Claro que a luz ajudou, dado que o pôr-do-sol já decorria, traduzindo-se num ambiente quente e sereno para terminar a sessão fotográfica.

    Falámos anteriormente da condução. Este JCW é tido com um dos melhores hot-hatches de sempre e apesar do motor 2000 cc turboalimentado dispensar «apenas» 231 cavalos e 320 nm de binário, a alta rotatividade do motor e o excelente (mesmo excelente!) chassis transmitem a alma deste JCW e transforma a experiência de condução. Com quase 250 km/h de velocidade máxima, uns escassos 6,3 segundos dos 0-100 km/h e o feeling go-kart tão característico destes modelos (neste caso apimentado com a suspensão NM engineering), a diversão está garantida e garantimos que se descobrem novos músculos na cara de tanto sorrir ao volante deste Mini.

    Quando nos comprometemos com um Mini, já sabemos que podemos contar com três coisas: velocidade, barulho e… desconforto. Já sabemos que os Mini não são modelos de competências familiares, mesmo com a introdução do Clubman e do Countryman. Contudo, esses três factores ficam para segundo plano (ou pelo menos, os negativos) quando vemos a família que abraçamos ao adquirir um Mini.

Não nos cansamos de tirar fotografias a este JCW!

   Como escrevemos anteriormente, mais do que um automóvel, a Mini é uma instituição, uma marca que cativa pela proximidade entre os donos dos seus modelos e pelo espirítio de entre-ajuda e companheirismo. E no caso deste JCW, se os 37 000€ que pode chegar a custar esta versão com extras (quase) obrigatórios não lhe fazem falta, rumem a um stand da Mini e mergulhem na experiência de possuirem um pedaço da histórica icónica d’O automóvel.