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     Vamos respirar. Vamos afastar-nos da loucura e da pandemia vivida atualmente. Vamos ler algo diferente das notícias alarmantes sobre o Covid-19. Vamos, por momentos, imergir neste pequeno desportivo que pode passar despercebido aos olhos de muitos mas que dá à expressão «lobo em pele de cordeiro» um novo significado. E perante isto, espreitemos então o Suzuki Swift Sport, um pequeno desportivo com alma e paixão que prova que não é preciso ser grande, potente e caro para ser divertido, emocionante e muito interessante de se conduzir. Vamos também aproveitar para dar os parabéns à Suzuki que celebra hoje 100 anos!

      Esta versão surgiu em 2017 e veio substituir um modelo cansado em termos de imagem e dinâmica, que nunca conseguiu vencer no mercado nacional, apesar do custo menor perante outros modelos do mesmo rácio de potência e cilindrada. Apesar disso, a marca nipónica apostou na mesma receita para criar este novo Swift Sport, que tal como o antecessor, não vem fazer sombra a modelos mais potentes como o Fiesta ST, o Clio RS ou o Mini Cooper S. Vem si reclamar para si um nicho dentro do segmento que honestamente, nos interessa conhecer pelo que já referimos anteriormente: bom, barato e divertido de utilizar.

     Estamos novamente com o João, que se tornou rapidamente no nosso melhor cliente e um dos que mais confia no nosso trabalho, para conhecer uma das suas últimas aquisições. Na altura da aquisição, o João procurava um veículo para uso diário, algo que não fosse amorfo e banal, aborrecido de conduzir. Havia a exigência de querer ir para o trabalho com vontade, divertir-se ao volante e desejar que o dia acabasse rapidamente para voltar à estrada. Com esse ponto assente, o segundo factor era o orçamento, que estava mais condicionado para o mercado das viaturas usadas. Apesar disso, não houve nenhum automóvel que chamasse a atenção até aparecer este Suzuki que apesar de usado (importado mas semi-novo), com um valor aceitável e com números no papel que cativavam: 140 cavalos, perto de uma tonelada de peso, compacto e ágil.

      O novo motor 1.4 litros de 140 cavalos, recorrendo a um turbocompressor, debita 230 nm de binário, mais 70nm que o anterior 1.6 VVT atmosférico e numa faixa de rotação mais baixa, o que permite explorar bastante a rotatividade deste motor desde o início, bastando um pequeno pisar do acelerador. E como é obrigatório, menos poluição com 125g de CO2 e claro, melhor economia. Portante, interessante para utilização diária, potente q.b. para enfrentar aquelas curvas de serra quando se opta por ir pelo caminho mais longo para casa e com 5 portas e uma bagageira com volume interessante para o segmento, este Suzuki Swift Sport mostra-se uma opção muito válida para os dias de hoje.

        Este Swift chega até nós já depois de ser submetido a algumas alterações, ou não estivéssemos nós na nossa secção de projectos. Mas como podem ver pelas fotos, não são estéticas as alterações mas sim dinâmicas e de performance pois é neste campo que mexer no Sift é mais interessante. Em primeiro lugar, a suspensão. Apesar de originalmente este Suzuki já curvar bem, a traseira é algo «errática» e tem vontade própria, o que foi corrigido com uns coilovers BC com regulação em dureza, altura e rebound, afinado delicadamente para um equilíbrio entre a utilização em pista e no dia-a-dia. A traseira ganhou mais controlo, deixando os slides giros para a fotografia e ganhando eficácia em curva.

     Outra alteração importante, ou conjunto de alterações foi o set rolante, com as jantes originais a serem substituídas por umas Rota, mais leves e resistentes «embrulhadas» nuns AD08r, pneus semi slicks que melhoraram ainda mais o grip e aderência em curva e em velocidades mais elevadas. Além do contacto com o solo, também o cantar foi revigorado recorrendo à conhecida marca Milltek com panela final de forma a ter um ronco bonito mas também tolerável pois, como dissémos, é carro de utilização diária.

      A nível mecânico e dinâmico a admissão foi alterada e foi montado um filtro de caixa HKS, melhorando a capacidade respiratória deste Swift, sem cair no abuso de filtros cónicos que desvirtuam aqui a ideia presente de ser um projecto amigo do utilizador. Temos um intercooler da CTC maior que o original mas ainda dentro dos limites de tamanho definidos para o mercado europeu devido às ajudas de condução como o lane assist mas que se mostrou útil na refrigeração do motor em condução de modo de ataque, no autódromo do Estoril. E como não podia deixar de ser foi feita uma afinação electrónica para otimização de tudo isto. Conseguiu-se em banco uma curva de binário regular e sem quebras para melhorar a utilização e economia diárias mas houve especial atenção em aumentar o corte das rotações máximas para, por exemplo, conseguir fazer a parabólica do Estoril de forma linear sem esforçar a caixa de velocidades. A travagem foi otimizada também com Ferodo DS2500 e tubos de malha de aço, com verdadeiro incremento da capacidade de travagem e também da sua resistência.

    No interior não houve alterações feitas pelo João, mas também não vemos necessidade. Os bancos envolventes embora não sendo baquets, ajudam a manter o corpo no sítio quando andamos em ritmos mais rápidos. Detalhe engraçado é o manómetro do turbo no painel de instrumentos, algo tão anos-80 mas que confessamos que faz palpitar os corações dos petrolheads. A bordo o ambiente tem alguma qualidade, não primando pelo feeling premium mas a ausência de ruídos parasitas mesmo nos plásticos duros antecipa o rigor japonês na montagem. É fácil a vida a bordo deste Swift com o sistema de infotainement em destaque com sistema MirrorLink. E atrás, há agora espaço para 3 adultos embora dê jeito que não sejam muito grandes.

     O Suzuki Swift Sport é um automóvel pequeno, compacto, ótimo para andar em cidade nas deslocações curtas do dia-a-dia, com motor relativamente económico mas vivaz e capaz de arrancar um sorriso a quem tem na sua garagem veículos com o dobro da potência. E quando perguntamos se é menos divertido de conduzir, recebemos uma resposta que, depois de analisarmos bem este Swift, não nos deixa surpreendido: é divertido, muito mesmo. Aliás, o facto de ser menos potente permite tirar mais proveito de todas as suas capacidades de forma mais fácil, mais natural. Talvez por ter vindo também do Oriente, este Swift rapidamente se torna viral na forma como se une a nós e nos cativa a conduzi-lo.