Sport Turismo by Porsche

     Quando a Porsche anunciou que ia expandir a sua oferta de produtos e incluir um SUV, o mundo ficou espantado e as críticas surgiram imediatamente. Ver uma marca que produz automóveis desportivos há décadas lançar-se num âmbito mais familiar causa estranheza mas o que é facto é que era uma ideia lógica, dado que se pode juntar, num automóvel, o carácter desportivo ao familiar. Apesar da ideia ter sido difícil de aceitar, principalmente para os mais puristas, o Cayenne tem sido um dos mais Porsches vais vendidos dos últimos anos. Já viu inúmeras alterações, facelifts  e inovações motrizes e tecnológicas e recentemente, a Porsche juntou-lhe um irmão mais pequeno, o Macan. Mas pelas fotos, já perceberam que não dos SUV da marca de Estugarda que pretendemos escreve mas sim do familiar de quatro portas mais conservador, o Panamera.

     Claro que, tal como o Cayenne, também o Panamera teve o seu quê de críticas, dedos apontados e difamação pela concorrência mas como parece (na versão berlina) um 911 esticado, acabou por ser recebido de melhor forma nos braços dos fãs da marca. Contudo, a Porsche ainda  não tinha terminado de surpreender o mundo e lembrou-se de importar o conceito de shooting-break para a sua família de modelos, criando a beleza que vos trazemos neste artigo, o Panamera Sport Turismo. E… vejam bem, apreciem a beleza e a fluidez de linhas. Graças ao excelente desenho da bagageira, o formato de shooting-break não rouba muito espaço quer aos lugares traseiros na sua altura, quer no volume da bagageira, que é massivamente grande para um Porsche. São quase 1400 litros de capacidade de arrumação num Porsche!

    Tal como o nome Carrera associado ao 911, também o Panamera deve a sua origem à corrida Panamericana (Carrera Panamericana), famosa pela exigência imputada à mecânica e fiabilidade dos modelos que nela competiam e que ficou mundialmente conhecida por celebrar a cultura automóvel na América do Sul. A primeira edição deu-se em 1950, num formato de evento de cinco dias para festejar o final das obras desta via no México mas 5 anos depois foi cancelada na sequência de um grande acidente em Le Mans, que abriu os olhos do automobilismo mundial para a insegurança de alguns dos automóveis utilizados neste tipo de competição. Em 1988 ressurgiu com regras mais apertadas e no formato de competição de automóveis clássicos e após inúmeras intervenções na estrada, de forma a melhorar a segurança. Coincidentemente com este facto, a Porsche lançou o protótipo de um 911 de quatro portas, a que chamou 989 mas que nunca viu a luz do dia em termos de produção. Os aficionados da marca de Estugarda vêm no Panamera o 989 do mundo moderno.

    A segunda versão do Panamera que aqui vos trazemos tem o código interno 971 e é maior, mais largo e alto que a versão anterior. Além do aspecto estético do exterior, mais apelativo e moderno, também o interior levou uma grande evolução, eliminando um dos grandes problemas do modelo anterior, o excesso de botões. E já que estamos a falar do interior, temos de ressalvar a inclusão do relógio estilo tacómetro no topo do tablier, invocando a lembrança do Porsche 356A. E estando nós ainda a escrever sobre o interior, podemos manter-nos por cá, quer nas palavras, quer nas fotografias. A qualidade é, como seria de se esperar, de topo no que se pode ver neste tipo de veículos. A pele dos bancos é extremamente resistente e confortável e apesar de ser pele, segura-nos bem no lugar e permite que as longas viagens se façam de forma muito agradável.

     Estamos atualmente numa época totalmente digital e as marcas automóveis sabem isso muito bem. Hoje em dia, é perfeitamente normal encontrarmos quadrantes digitais e um sem número de ecrãs informativos nos habitáculos mas a Porsche conseguiu aliar isso ao tradicional quadrante com as inserções independentes, embora agora tudo seja digital e mais intuitivo. A consola central tem um ar muito «aviónico» e é tudo tátil e de uma leitura muito simples. Bancos e volante aquecidos, ar condicionado independente para os quatro lugares, todo o sistema de navegação e multimédia é controlado no ecrã de 12,3 polegadas bem no centro do tablier. Atrás também há luxos, com os bancos extremamente envolventes a permitir que um adulto de 1,85 se sente confortavelmente apesar de ter alguma limitação a nível dos joelhos e na entrada e saída destes lugares e até há um lugar central, indicado apenas para pequenos trajectos e claro, para pessoas de menor estatura. Com um excelente pôr-do-sol ao nosso lado, estar a bordo deste Panamera faz-nos sentir os reis do mundo e quase que nos dá vontade de parar o tempo.

      Mas há mais para ver e escrever sobre este familiar da Porsche. A grande mudança estética está na porção traseira, com a nova geração a deixar de ter o aspecto de carrinha hatchback (isto na versão normal) e a versão Sport Turismo conseguiu seguir o fluir de linhas do seu irmão e acentuar a característica que o define, o formato carrinha shooting-break. E ainda na traseira, o grande led que atravessa e une ambos os farolins destaca o modernismo de linhas e traduz-se numa assinatura noturna que não diríamos que é única, mas é, no entanto, muito bonita de se apreciar. O spoiler no topo da mala ergue-se automática ou manualmente e aumenta o peso aerodinâmico sobre a traseira e trabalha em conjunto com o chassis e difusor traseiro de forma a manter o comportamento verdadeiramente ímpar deste peso-pesado da Porsche.

     De frente, é um Porsche e muitas vezes, se o virmos aproximar-se pelo retrovisor, quase que engana e parece um 911, de tão bem desenhado e perfilado estar. Os designers fizeram um excelente trabalho ao esconder os quase 2m de largura e os 5m de comprimento adoptando uma série de detalhes do primo 911 como os espelhos, farolins, leds do pára-choques e outros pequenos detalhes. Os faróis da frente contam, nesta geração, com quatro pequenos leds que se iluminam a par dos projectores de xénon, dando a ilusão de uma mira, aumentando também os ângulos de visão e iluminação. O pára-choques desta versão 4 é bastante simples, sem exageros estilísticos ou entradas de ar massivas, lips ou apliques que nos prendam o olhar. Esses detalhes estão reservados para as versões GTS e Turbo. Aqui, a simplicidade é mote e assim é não só na frente como no perfil.

      E é de lado que este Sport Turismo se mostra e anuncia como carrinha. É a única forma de se diferenciar da versão sedan com a zona terminal a ser mais angulosa e proeminente mas sem assumir uma postura de verdadeira carrinha. Sensualidade de linhas, alguns dizem, nós temos de concordar. Aliás, as várias shooting-brake que ao longo dos anos foram sendo lançadas por diversas marcas sempre cumprem uma premissa: serem versões mais familiares de um modelo, mas sem perder a assinatura mais dinâmica e desportiva de uma versão mais musculada. As bonitas jantes de 21 polegadas montam pneus de baixo perfil mas que não «beliscam» o conforto a bordo e que mantêm a visão limpa e simples mas elegante desta versão do Panamera Sport Turismo.

     Com o lançamento da nova geração do Panamera e com o lançamento das versões Sport Turismo, a Porsche aproveitou para remover dos configuradores dos seus sites a hipótese de se configurar versões a diesel, muito por culpa do escândalo que assombrou várias marcas, relativamente aos erros e excesso de emissões. Um ano depois, a marca de Estugarda anunciava que no futuro próximo, iria deixar de vender modelos com motorizações diesel, caminho que outras marcas já anunciaram tomar perante a inovação das versões hibridas, gasolina e claro, elétricas. Mas esta versão a que tivemos acesso é ainda a gasolina e o som, emoção ao volante e entusiasmo é sempre diferente de uma versão mais ecologicamente aceite. O poder de aceleração é impressionante para um veículo deste tamanho e apesar de não ser, de todo, a versão mais dinâmica, consegue não comprometer e em modo Sport Plus é um verdadeiro Porsche, quer na sonoridade dos escapes, quer na forma como a caixa automática faz a gestão das passagens. Associado a isto, a suspensão baixa e assume uma postura mais rígida e defensiva, eliminando qualquer rolar da carroçaria que se poderia sentir num modo mais friendly.

      Um pouco por todo o mundo esta Sport Turismo foi bem aceite e muitos assumem uma verdadeira experiência Porsche ao conduzi-lo, aproximando-se do modelo 911 na dinâmica, envolvência e experiência global. Aparenta englobar e ocupar muito bem o lugar-nicho entre os familiares mais desportivos e as versões qe ostentam esse nome verdadeiramente. Aliás, alguns testes de imprensa foram claros: o Panamera suplanta em variadas comparações modelos como o Maserati Quattroporte e o Aston Martin Rapide e acaba por ofuscar esses modelos especialmente quando se fala no Panamera Sport Turismo enquanto veículo familiar de luxo que conciliar essa função com a elevada performance desportiva.

      Resta apenas falar no trabalho feito neste Panamera pela Garagem_87 e pela Second Skin Design. A protecção com pelicula PPF é obrigatória nos dias que correm e este Panamera não é excepção com a aplicação deste material para proteger a pintura e o trabalho feito na preparação da mesma.