


As marcas automóveis actualmente primam pela variedade que colocam à disposição do consumidor. Conseguem agradar à mãe de família, ao solteiro que gosta de sair à noite, ao adolescente que acabou de tirar a carta, ao executivo de uma grande empresa. Claro que existem sempre pessoas mais exigentes, que querem um automóvel mais especial, único. Não entrando no campo da personalização aftermarket, as próprias marcas têm empresas de aperfeiçoamento de alguns dos seus modelos, normalmente ligadas a divisões desportivas.



A OPC – Opel Performance Center – é a divisão desportiva da Opel, com sede na cidade alemã de Dudenhofen, onde os modelos desportivos da marca são testados e aperfeiçoados antes de serem colocados à prova numa das pistas mais exigentes do mundo: a Green Hell, Nürburgring. Além do centro de testes, a OPC tem nas suas instalações um local para cursos de condução desportiva, orientada por Joachim Winkelhock com a duração de um dia. Neste curso, o objectivo primário é retirar todo o prazer de condução dos modelos desportivos, aprender como usá-los dentro e fora de pista e apurar os sentidos no uso da dinâmica destes automóveis.







Estes cursos têm várias secções: slalom (onde se treinam o controlo da direcção juntamente com o acelerador), a pista de testes (com obstáculos variados, inclinações, de forma a simular condições difíceis que o veículo possa encontrar durante a sua vida útil), pista oval de alta velocidade (circuito com 5 km com ângulo de 37º em alguns locais, permitindo velocidades elevadas, estáveis, de 200 km/h sem alterações importantes das forças laterais), travagem/desvio (em que o condutor é posto à prova em travagens de emergência ou no desvio de obstáculos quando essa travagem é ineficaz), pista de manobras (onde o condutor aprende a seguir linhas de trajectória de forma rápida e segura num traçado sinuoso de 16 tipos de curva diferentes, com gravação vídeo e análise posterior dos dados) e competição (numa pista delimitada por pinos, onde o objectivo é efectuar voltas rápidas sem erros.




Com esta introdução, penso que já se percebeu qual o automóvel que vos trazemos neste artigo. O Opel Astra, à venda desde 1991, vai actualmente na sua 5ª geração, mas as versões GTC (3 portas) ainda não conheceram sucessor. Assim, o GTC da geração J continua a ser a forma mais recente de conduzir um Opel Astra de carácter desportivo. Mas a obra de arte que nos levou a Tires e ao Estoril não é um GTC qualquer, trata-se da versão desportiva de topo, a OPC claro.




O Opel Astra OPC surgiu em 2012 como o derradeiro desportivo compacto, alargando o leque de opções desportivas da marca a uma gama com imenso sucesso no seu predecessor, o Astra H. A Opel desenvolveu um conjunto de melhorias dinâmicas, corrigindo um dos maiores defeitos da geração anterior do desportivo: o chassis e o seu comportamento no limite. No Astra J, o chassis FlexRide com suspensão rebaixada, com taragem e acerto específico da versão OPC, conta com um fantástico diferencial autoblocante mecânico, corrigindo a trajectória em aceleração e curva e metendo toda a potência no chão de forma linear mas desportiva. Os travões dianteiros são da Brembo, específicos desta versão e otimizados, com maior resistência à fadiga por serem ventilados e perfurados. Na suspensão, além da compensação permitida pelo FlexRide, na frente contamos com um sistema de alto desempenho (HiPerStrut) e atrás com a tipologia Watt, permitindo no geral uma ligação única entre o automóvel, o condutor e a estrada.



Mas claro que um desportivo em que a dinâmica é o ponto-chave do seu desenvolvimento, a acompanhar um excelente chassis, tem de existir uma unidade motriz ao mesmo nível. O motor de código A20NHT conta com 280 cv e 400 Nm de potência, recorrendo à turbocompressão, consegue catapultar o OPC dos 0 aos 100 km/h em 6 segundos e permite uma velocidade máxima de 250 km/h, mantendo as emissões poluentes abaixo dos 190 gCO2/km e um consumo médio de 8,1 L/100km.




Mas não é de consumos e emissões que queremos aqui falar, claro. Um modelo desportivo como este merece ser conduzido, em estradas sinuosas ou em pista. Mesmo parado, tem imenso por onde nos perdemos. O look OPC começa na frente, com os faróis AFL+ e os pára-choques redesenhados e específicos da versão com entradas de ar proeminentes, neste caso personalizadas com película negra. A juntar ao aspecto robusto da cara do Astra OPC, a personalização passou ainda por um friso a vermelho na parte inferior da entrada de ar. Continuando a analisar as linhas fluídas deste hothatchback, a lateral é preenchida pelas enormes e fantásticas jantes de 20 polegadas, embrulhadas numas borrachas 245/35 R20, garantem uma fantástica aderência deste Astra ao asfalto. Enquanto observamos a lateral, apercebemo-nos das pinças de travão pintadas em vermelho, a combinar com os restantes detalhes e no tejadilho personalizado com película, para simular o tecto panorâmico. Na traseira, o destaque vai, obviamente, para as generosas saídas de escape, nas extremidades do difusor, pintado de negro, tal como as ponteiras de escape. Mais uma vez, temos um friso a vermelho a dar um toque de exclusividade. Por fim, em termos de personalização exterior, a altura ao solo foi ajustada com molas H&R específicas para trabalhar com a HiperStrut e FlexRide.





O interior também foi alvo de ligeiros retoques com película vermelha em volta da manete de velocidades. Mas o grande destaque no cockpit do Astra OPC são as baquets Recaro com apoio lombar, assento extensível e apoios laterais pneumáticos, com certificação AGR (associação médica de saúde lombar alemã). Juntamente com o volante de base plana com logo OPC e da manete de velocidades com uma excelente pega permitem uma experiência de condução única. Ainda no interior e na área da conectividade, a Opel juntamente com a Apple, desenvolveu uma app, a Opel Power App, onde podem ser apresentadas até 60 variáveis nos dispositivos Apple, como força G, aceleração lateral, níveis de óleo e pressão do motor, bem como distribuição gráfica da potência e do binário, de forma intuitiva e útil permitindo ao condutor analisar e otimizar o seu desempenho de condução.

Um veículo fantástico, com uma boa dose de tudo: potência, beleza e facilidade de utilização. Podemos conduzi-lo em pista e no fim do dia ir às compras com a família ao centro comercial. A ligação que este tipo de carros forma com o seu condutor é difícil de explicar por palavras, mas talvez ao verem a cara do seu piloto possam perceber o que é aquilo que nós tanto defendemos na AWP: o automóvel enquanto obra de arte ligado de forma emocional e emocionante ao seu condutor.
