
As nossas aventuras de duas rodas têm sido digamos que… escassas. Aliás, temos sido abordado por seguidores que nos questionam já o porquê de usarmos o nome All Wheels Photography quando o nosso portefólio engloba apenas um estilo de veículo, o automóvel. Mas o ano de 2019, conforme referimos na nossa publicação do 3º aniversário, promete algumas mudanças. Tencionamos aumentar o leque de oferta de artigos no que concerne ao estilo e objecto fotografado e as motas são uma área a explorar, obrigatoriamente. Claro que não nos sentimos tão à vontade, mas contamos convosco e com os nossos parceiros e clientes no sentido de aprimorar esse mesmo sector de mobilidade terrestre.



E é por falar em amigos e seguidores que urge começar a expansão das duas rodas com uma mota de um dos mais antigos clientes da nossa casa. Aliás, mais do que cliente, o Frederico já é um amigo da «casa» e fizemos estas fotos como agradecimento ao seu esforço em nos ajudar a crescer e a mostrar um pouco do que ele vai tendo, juntamente com o seu pai, na garagem da sua casa, onde processam veículos antigos e trazem de volta à ribalta esses mesmos pedaços de história sobre rodas. Ora tudo isto significa que voltámos à estrada a caminho de Setúbal para aproveitar o sol de fim de tarde de Inverno e captar em fotografia a essência desta Bobber, adquirida no stand da Indian Spirit Motorcycles de Lisboa.





Bobber. Primeiro momento de aprendizagem neste artigo. O termo bobber remonta à Segunda Guerra Mundial, onde o excedente de motas Harley-Davidson usado durante a guerra era re-aproveitado pelos soldados para produzirem os seus próprios projectos de duas rodas. As peças supérfluas, pesadas e sem grande função como guarda-lamas, protecções, vidros grandes, adereços eram removidos de forma a dar mais simplicidade à mota e claro, menos peso e mais velocidade, um pouco à imagem dos hot rods. E continua a ser essa comparação com os automóveis despidos de guarda-lamas e adereços que é feita com as Bobber devido ao espírito de liberdade explorado ao máximo, usando a mesma receita.




Esclarecido o termo utilizado na nomenclatura desta moto, vamos seguir em frente. A Indian enquanto marca pertencente à Polaris, tem ganho espaço no seio do mercado nacional (e não só) com quotas de vendas a sombrear marcas como a Harley Davidson ou a Yamaha. Podemos até estar a falar de «estilos» diferentes mas os números não mentem e a paixão do estilo retro com detalhes tecnológicos atuais e inovações técnicas continuam a fazer com que marcas como a Indian ganhem terreno. E depois de observar em detalhe esta Scout, percebemos porquê.





Temos de confessar aqui que não somos os maiores entendidos em matéria de duas rodas (ok, já o tínhamos feito antes) mas depois de passarmos algumas horas junto desta Indian, a vontade de aprender e enveredar por este campo aumentou. É que esta Bobber é realmente bonita. Tem algo que cativa, que chama o olhar, que nos hipnotiza e faz admirar cada centímetro da sua existência. Filosofias à parte, só tiramos os olhos de cima da Scout quando o Frederico a põe em funcionamento, devido aos escapes Vance Hines colocados e que fazem o motor V-Twin de 94 cavalos tem uma voz bem mais gutural e «profunda». E já estamos em andamento até ao spot escolhido para a sessão fotográfica.



Mas enquanto vamos a caminho, há tempo para mais algumas infos sobre esta Indian Scpout Bobber. A marca Indian tem apostado, como já referimos, no estilo retro ou neo-clássico nas suas motas de acesso à gama e à família Indian. E não pensem que por serem as de acesso que são mais fracas, mais pesadas, mais lentas e menos charmosas. Aliás, basta ver as fotos para fazermos valer as nossas palavras. Temos sido bombardeados com fotos nas redes sociais, com informações sobre este novo estilo de veículos, maioritariamente automóveis, em que se mistura a estética antiga com os conceitos atuais de mecânica, dinâmica e tecnologia. As duas rodas não são excepção e a Indian está a fazê.lo muito bem, sejamos sinceros.







Ao chegar ao local das fotos podemos ver logo dois detalhes interessantes desta Bobber. Em primeiro lugar, a posição de condução, mais baixa e central, com a posição dos pés a ficar mais próxima do condutor, resultando numa postura mais envolvente e mais «abraçada» à mota. Em segundo lugar, a forma como esta Scout permite uma entrada em curva mais rápida e mais agressiva dada a confiança que transmite num rolar mais rápido e até desportivo, algo que pudemos ver ao ter de carregar mais no acelerador do carro em que seguíamos para poder acompanhar o Frederico. Mas calma, não é uma mota de pista ou de tirar tempos em serra, mas podemos rolar com ela calmamente ouvindo o trovejar esporádico dos dois cilindros, ampliados pelo escape personalizado e de repente, cerrar punho e deixar-nos envolver pelo cavalgar empolgante desta Scout. Afinal de contas, os pouco mais de 250 kg de peso são facilmente postos à prova.







Damos por nós novamente a admirar esta mota. A pintura branca satinada White Smoke contrasta na perfeição com o preto mate das partes mecãnicas da Scout. Sendo uma mota claramente de pretensões mais desportivas que as restantes Scout, os cromados limitam-se a parafusos, peças de sustentação, ligações e partes da suspensão, sendo o restante pintado a negro. Todo este jogo de cores culmina muito bem com o tom castanho da pele com presponto duplo do banco e claro, com os adereços como a mala lateral e o capacete Bittwell Gringo Chocolate com a fantástica viseira Gringo Blast Shield. O tom castanho também satinado conjuga estilo e classe quer quando usado com a viseira protectora, quer sem. Nesta segunda hipótese, o Frederico recorreu a uns Equilibrialist Knox Black Maska, que tal como a Indian Scout, «transpiram» estilo retro-moderno.










Mas nem tudo é perfeito e no caso desta Bobber, a culpa nem é da marca Indian. Há algo que nos salta logo à vista e que nos faz torcer o nariz e que apostamos que vocês já repararam: o suporte da matrícula. Sim, é feio; sim, fica mal; não, não se pode retirar. Fruto da legislação portuguesa, a matrícula desta Bobber tem de ser colocada na retaguarda da mota (como em todos os outros veículos de duas rodas) o que faz com que a marca tenha tido a necessidade de se adaptar, dado que nos Estados Unidos, por exemplo, a matrícula é colocada de lado, complementando o tal estilo mais hot-rodish desta mota. No entanto, facilmente nos esquecemos deste detalhe (bem, desde que não lhe prestemos muita atenção), dada o restante enquadramento estético desta Indian.




Esta Bobber é uma mota que gosta de ser conduzida numa faixa de rotações mais elevada. Não é mota de «engasgamentos» ou de ritmos baixos e isso é logo antecipado pela posição de condução que já falámos. O selim colocado mais abaixo que nas Scout «normais» e o desenho do depósito e guiador (sim, adoramos também os espelhos invertidos) ajudam a que o condutor abrace a mota para a conduzir em momentos de maior adrenalina. Já os travões de duplo pistão na frente e simples atrás não acusam a fadiga e conseguem transmitir bastante segurança quando o mote é «enrolar punho».





Esta Indian Scout Bobber é realmente uma pedrada no charco e apesar da concorrência feroz da Harley Davidson, Moto Guzzi e Triumph (todas elas bem menos potentes que a Indian), acreditamos que a Scout Bopper tem argumentos que servem para se tornar numa referência do segmento e acima de tudo, uma mais-valia para a Indian, cujo nosso primeiro contacto foi no evento Art&Moto do ano passado, no Lx factory. Nesse mesmo evento já tínhamos começado a espreitar estas beldades de duas rodas e depois desta sessão fotográfica ficamos com a certeza que temos de apostar nesta vertente e de preferência em motas que tal como esta Bobber, façam as pessoas nos passeios olharem e sorrirem. Venham elas!

