


Já passaram 70 anos desde que o nome Abarth se ouviu pela primeira vez, através do fundador da marca, Karl Albert Abarth. De nacionalidade austríaca mas italiano de opção, Abarth começou por desenhar e criar peças de alto desempenho para automóveis de HillClimbing e corridas regionais. Mais tarde, surgiram no campeonato de Sport Cars Racing com motores de 850cc a 2000cc, conseguindo através do génio ao volante Hans Herrmann algumas vitórias, como em 1963 nos 500 km de Nürbürgring. Todas estas pequenas intervenções no mundo da competição automóvel foram atraindo as atenções para o emblema do escorpião por parte de outras marcas, começando a Abarth a produzir escapes de competição e mais tarde, kits estéticos para modelos da Fiat, mas trabalhou também com a Porsche e a Simca.



Em 1971 e depois de alguns anos de uma saudável parceria, a Abarth foi adquirida pela Fiat e passou a depender da marca italiana financeira e empresarialmente. Além de componentes mecânicos e estéticos, a Abarth ficou responsável pelas equipas de competição da Fiat, utilizando depois os conhecimentos adquiridos nesse departamento nos automóveis de estrada. Dezenas de anos depois, ainda hoje a Fiat se encontra associada à Abarth num «casamento» que para nós na All Wheels Photography, continua a ser de imenso sucesso.




O Fiat 500, base deste Abarth, surgiu em 2007 como resposta ao Mini Cooper. Tal como a Mini, também a marca italiana quis invocar um modelo do passado e trazê-lo para a era moderna. O conceito vintage começava a ser notório em várias marcas, com o renascimento de modelos antigos à imagem dos tempos modernos. No caso do 500 as primeiras versões sairam com um motor modesto a gasolina e mais tarde com o pequeno 1.3 diesel. Para um carro citadino, pouco maior que o original dos anos 60, esses motores eram mais que suficientes e o facto do 500 ser altamente personalizável, tanto em cores exteriores como em acabamentos interiores, ditou um imenso sucesso, principalmente em nichos de mercado um pouco por todo o mundo. Na sua fase de maior sucesso, o Fiat 500 da era moderna era produzido em mais de 100 países um pouco por todo o mundo.


Mas certamente que já perceberam que o que aqui temos é mais do que um Fiat 500. É mesmo um Abarth de primeira geração, que celebra o renascimento da Abarth no seio da Fiat, algo que estava arrumado a um canto há já alguns anos. Assim, este modelo desportivo tornou-se no salvador da marca de Karl Abarth e prova disso são os inúmeros clubes e grupos que existem e celebram este pequeno desportivo. Dotado de um motor 1.4 turbo com 160 cavalos, este Abarth Esseesse (versão apetrechada com componentes da marca) desfilou por uma zona fabril e industrial que no dia em que lerem este artigo, estará reduzida a memórias apenas (ou quase).






O kit Esseesse é essencialmente um conjunto de itens que se podiam adquirir juntamente com o 500 Abarth para melhorar o seu comportamento dinâmico, potência e segurança. É composto por novas jantes raiadas de 17 polegadas com o logo do escorpião no meio, um sistema de travagem ventilado de maior diâmetro, molas Eibach para a suspensão, novo radiador e filtro de ar e claro, uma admissão maior, da BMC. Este kit só pode ser instalado até 12 meses ou 20 000km depois do primeiro registo, para manter a garantia de fábrica quer do 500 em si, quer das peças adicionadas. Exteriormente é reconhecido através das diferentes jantes e claro, pelo logo colocado abaixo do emblema da Abarth, na traseira.







Sabemos de antemão que o trabalho não era fácil pois fotografar um automóvel preto com sol directo é sempre uma aventura e uma verdadeira lição de reflexos, brilhos indesejados e detalhes de pintura menos bem conseguidos. Este Abarth é um carro de uso diário e por isso, é usado e abusado. Mas isso não deixa de merecer uns bons cliques da nossa parte e o que é facto é que gostamos de cada centímetro quadrado deste pequeno desportivo. Tendo em conta então as limitações que a cor preta nos oferece em termos fotográficos, optámos por usar as sombras do complexo industrial para conseguirmos o melhor possível. E não é que este 500 Abarth Esseesse encaixa na perfeição no ambiente industrial, frio e metálico em que nos encontramos?





Como todos os desportivos, é no exterior que este Fiat 500 começa a cativar a nossa atenção. Pára-choques volumosos com generosas entradas de ar são o ingrediente-chave nestes modelos. Se olharmos para a frente deste Abarth, não vemos detalhes reluzentes ou excessivos; percebemos rapidamente que se trata de um Fiat 500 apimentado com os tais pára-choques. As bonitas jantes raiadas de 17 polegadas escondem os tais travões ventilados (284 mm na frente, 240 na traseira) e ostentam grande parte da responsabilidade do aspecto desportivo da lateral. Bem, elas e a faixa vermelha que combina com as maxilas de travão e os centros das jantes.



Já na traseira o destaque vai obviamente para as saídas de escape. E este pequeno escorpião tem quatro delas, ladeadas por um difusor que parece simples, mas tem um ponto deveras importante na estabilidade deste desportivo que, por ter uma distância entre eixos curta, pode facilmente perder a traseira em trajectos mais sinuosos. Esse difusor, juntamente com o volumoso spoiler no topo da bagageira, fazem milagres no dinamismo ao volante deste Abarth.





O interior é comandado por duas coisas: pele e vermelho! O habitáculo do 500 Abarth não é vasto mas… também não precisa. Num modelo destes, o principal local é atrás do volante e neste caso, está-se muito bem nesse mesmo lugar. As fantásticas baquets em couro vermelho ocupam grande parte do ambiente a bordo e ajudam a manter os seus ocupantes no lugar quando se descrevem curvas a boa velocidade. O volante tem uma pega fantástica e a piece of resistance é mesmo a manete de velocidades montada numa posição superior que facilita e melhora a condução desportiva. O preto piano do tablier, o cromado das pegas das portas e o alumínio dos pedais completa o ambiente desportivo a bordo.








Com o calor a apertar (sim, as fotografias já foram feitas há alguns meses) optamos por nos manter à sombra e explorar o local. Os recantos são imensos, com máquinas abandonadas, outras acabadas de desligar. Canos, fios, torres e chaminés, o ambiente transborda com vibes fotográficas e só temos pena do nosso tempo neste local ser contado ao minuto pois tínhamos muito mais para mostrar e fotografar. Mas não podemos afastar-nos do objecto fotografado que é este fantástico Fiat 500 Abarth Esseesse e como tal, a nossa galeria centra-se mesmo no automóvel e não no cenário, um pouco à imagem do nosso próprio nome, All Wheels Photography. Foram picados pelo escorpião? Nós fomos!


