


As férias são, habitualmente, culpadas de muitos excessos. Excesso de descanso, excesso de horas no sofá, excesso de ingestão de comida menos saudável… mas no caso da All Wheels Photography, foi sinónimo de trabalho. Passámos as festividades a preparar o ano de 2017, com o objectivo de nos tornarmos mais generalistas e mais globais. Mas não é sobre o que vamos fazer que este artigo se refere. Este artigo refere-se a um automóvel que veio agitar as águas do mundo dos compactos desportivos, os chamados hothatchbacks. A designação de pocketrocket assenta neste veículo como uma luva de cirurgião, sem falhar em nada daquilo a que se propõe.



A Opel produz automóveis desde 1899 e ao longo destes 118 anos, a fórmula de produção de automóveis eficazes tem sido aperfeiçoada. Uma área onde o investimento parece algo esquecido é a área desportiva, com os modelos da marca de Rüsselsheim a serem ultrapassados pela concorrência. Contudo, a marca não se deixou intimidar pelo insucesso e continuam a apostar no desenvolvimento da sua sub-marca de desportivos, a Opel Performance Center ou OPC. Esta sigla, associada a um Opel, é meio caminho andado para sabermos que nos vamos divertir ao volante. Este centro desportivo, sediado ao lado do mítico circuito de Nürbürgring, tem servido como terreno de testes para o aperfeiçoamento destes modelos e para mostrar ao mundo que a Opel também faz desportivos.





Apesar de serem vários os modelos Opel a contarem com uma versão desportiva com a sigla OPC, o mais acessível neste momento é o Corsa. O utilitário alemão, de medidas compactas e estética interessante conheceu no ano passado a versão mais picante que, como já devem ter reparado, é o que trazemos aqui. Com o «abandono» da tradicional cor azul Arden Blue usada no anterior Corsa D OPC, a cor Vermelho Power acaba por ser uma excelente opção para este desportivo, ressaltando à vista os inúmeros detalhes e saliências do pacote desportivo que tão bem caracteriza este automóvel.
Revelado em Genebra, este novo Corsa OPC surge num momento em que a Opel apostava mais nos familiares e na renovação da sua gama. O Insignia e o Astra ocupavam grande parte do stand da Opel nesse salão, mas o pequeno Corsa na cor Azul Azure lá procurava o seu espaço e roubou as atenções a alguns dos visitantes, sendo visível o otimismo de alguns dos seguidores da marca alemã. Apesar disso, quando iniciou a sua comercialização, a procura foi diminuta, principalmente em Portugal, fruto da grande carga fiscal num veículo destas características (apesar do IUC, por exemplo, ser cerca de 100€ mais barato que o seu antecessor!).




Esteticamente perdeu alguma agressividade quando comparado quer com o seu antecessor, quer com a concorrência directa. As «guelras» dos para-choques do Corsa D OPC desapareceram juntamente com as entradas de ar na frente, que se tornaram mais pequenas e subtis. A frente deste novo Corsa ganhou uma entrada de ar no capot que faz mais feitio que função, mas que apesar de causar estranheza nos primeiros momentos junto do carro, facilmente se entranha. Depois, o grande destaque vai para a massiva grelha central, com o friso em formato de chaveta onde o protagonista é o «relâmpago» e que marca a frente deste Corsa. A ausência de faróis de nevoeiro é sentida mas compreendida, sendo a zona onde estes deveriam estar ladeadas de detalhes em cromado a combinar com os faróis AFL (com xénon e função de iluminação adaptativa e direccional) que deveria vir de série, tal não é a diferença estética que causam neste OPC.





Na lateral, os espelhos aerodinâmicos do Corsa D, com base triangular foram eliminados, contando este Corsa E OPC com espelhos «normais». Também a embaladeira emagreceu em tamanho, mas ganhou um vinco que acompanha a parte de baixo do para-choques frontal. É sentida a ausência das molduras de piscas laterais que tanto são usadas em modelos Opel e que provêm do antecessor deste OPC mas que está na lista dos afazeres para o dono deste modelo. As jantes originais de desenho bastante discutível e pouco atraentes foram substituídas por umas Japan Racing JR22 em preto mate com 7,5×18 na frente e 8,5×18 atrás e realmente, o ganho estético foi imenso e foi sem dúvida uma aposta mais que ganha neste Opel Corsa.




Na traseira, a grande novidade é a dupla saída de escape que anteriormente era apenas reservada ao modelo de edição limitada Nürbürgring. O difusor menos proeminente mas igualmente vistoso ladeia as ponteiras e confere um aspecto desportivo ao Corsa, apesar da parte inferior do para-choques ser apenas um acrescento, o que não impede de esteticamente funcionar muito bem. O aileron de aspecto semelhante ao do anterior Corsa OPC completa a traseira e ajuda na estabilidade da mesma a velocidades bem acima do limite legal. Está tudo bem neste Corsa até se olhar para o emblema da Opel… não se compreende a opção da marca alemã em usar um símbolo saliente e que aparenta não pertencer ali. Algo a rever, senhores engenheiros!






No interior, deram-se alguns passos (e grandes) na evolução quer estética, quer dinâmica. O tablier foi simplificado e conta agora com uma zona superior aborrachada e mais agradável ao toque. Nas portas, mantêm-se os puxadores cromados e as quartelas em pele com um toque agradável e que combinam com os autênticos sofás que são as baquets Recaro CS que têm sido mais que aprovadas em momentos de condução mais desportiva. Voltando ao tablier, e sentados ao volante, vê-se a evolução do modelo no quadrante, mais dinâmico, moderno e com um acrescento importante: manómetro da temperatura! Na consola central, o ecrã táctil do rádio com navegação é de uso intuitivo e com boa qualidade de imagem e por baixo, o painel da climatização parece proveniente de um automóvel de um segmento bem superior. É, realmente, um excelente local para se estar principalmente se nos apetecer queimar umas octanas numa estrada sinuosa.






Agora, o que leva alguém a gastar mais de 25 000€ num Corsa? Pois, foi o que perguntámos ao dono, que nos contou que rumou a um stand da Opel para ver o modelo GT, com o motor 1.0 turbo de 115 cavalos que conta com um equipamento interessante para o preço pedido mas ao lado encontrava-se este OPC e os quase 100 cavalos extra chamaram pelo actual dono e um test-drive depois, a decisão estava tomada. E a julgar pela forma como fala nisso, vê-se que realmente a escolha foi acertada. Pender na decisão para um modelo destes é uma escolha puramente emocional e não racional mas que acaba por compensar no número de sorrisos por quilómetro. A paixão automóvel é isso, emoção e boas decisões!
