Perfect AllRounder

       Não é o nosso primeiro «baile» com um M2. Aliás, nem é o segundo. Na realidade, é o quarto M2 que fotografamos mas honestamente, podem vir mais 40! É um carro que não nos cansamos e não nos fartamos de captar nas nossas fotografias, usando novas técnicas e ângulos, explorando as linhas deste coupé desportivo da BMW. O nosso primeiro contacto com a «maravilha» de Munique foi com um par de M2 «base» na serra de Montejunto, já vão 3 anos volvidos. A experiência de percorrer a serra com dois devoradores de quilómetros foi soberba, em especial quando fizémos as rolling shots em que o ribombar das pipocas a cada desaceleração ecoava pelos vales e clareiras daquela zona. Depois elevámos um pouco a fasquia e passámos para as versões Competition, a primeira no antigo estúdio de trabalho da 2255, num M2 0 quilómetros para preparação para entrega, aliás, um dos primeiros em Portugal na realidade.

      Mas passemos para o presente e para este bem configurado M2 Comp. O seu dono, Dani, veio da Roménia para viver em Portugal mas chegou na altura em que a pandemia ganhava força por cá. Forçado a viver em casas AirBnb até poder arranjar morada permanente, os tempos para Dani e sua família foram complicados. Agora já estabelecidos em Portugal, Dani desfruta do seu M2 usando as técnicas de condução que aprendeu e aperfeiçoou na Roménia. O estilo de desporto automóvel que gosta de praticar vai das rampas aos trackdays mas a componente de drift não está posta de parte. Tanto que chegou recentemente para a garagem para fazer companhia ao M2C um E36 preparado para pista. Venham essas novidades, que podem seguir na sua conta do Instagram.

     

       Chegamos ao terceiro parágrafo do nosso artigo e paramos de escrever. Não queremos repetir as informações que temos no outro artigo do M2c, que fizemos para o nosso parceiro 2255CarDetail. Mas temos de escrever algo. E depois lembramo-nos da experiência que tivemos há uns dias a bordo de um, cujo registo fotográfico não foi feito porque não estávamos, literalmente, à espera. Mas podemos transpor para aqui. E sim, agora sim… há muito para escrever, mas prometemos ser sucintos. Ou não! O que é facto é que desde o nosso primeiro contacto com o M2 que percebemos rapidamente que a BMW construiu um carro para condutores. Os puristas do badge M defendem até que é o primeiro verdadeiro M desde o M3 E30 e E36 (ok, também temos de colocar no mesmo patamar o E46). O M2 é raçudo, é visceral, é verdadeiro. E se o M2 era bom, o Competition veio aperfeiçoar a perfeição.

      O que a BMW fez foi ir à prateleira de «coisas» do M3 e M4 e usar num chassis brilhantemente equilibrado e rígido, com menor distância entre eixos e numa carroçaria consideravelmente mais leve as melhores peças que lá tinha. A primeira peça a usar foi o motor de 6 cilindros em linha (código interno S55), twin-turbo que aqui debita uns saudáveis 410 cavalos e 550 nm de binário, o suficiente para colocar os pneus traseiros nos arames em 5 minutos. Mas também o sistema de tracção e eixos são M3/M4-baseados e por isso o M2 Competition mantém os ombros largos e as ancas ainda mais largas, atribuindo-lhe um aspecto muito mais musculado e uma postura mais agressiva que o mais mundano Serie 2.

       Uma das principais provas, digamos, que o M2 Competition veio afirmar ainda mais as pretensões da BMW em construir um carro para os verdadeiros condutores é a adoção, como opção, de uma caixa manual de seis velocidades. Pode tornar o M2C ligeiramente mais lento no sprint 0-100 km/h, mas aumenta em adrenalina e excitação a forma como este M percorre estradas mais sinuosas ou até uma pista como a do Estoril, onde este Competition se sente em casa e onde já fez várias voltas, com o objectivo de melhorar cada vez mais o tempo por volta. Em opção, como é o caso do «nosso» M2C, temos uma semi-automática caixa DCT de sete velocidades que transforma este M2 num veículo mais user friendly dada a suavidade das passagens de caixa e a sua eficácia em condução citadina. Mas não se deixem enganar, pode até ser um automóvel que tem capacidades familiares e de uso no dia-a-dia (se conseguirmos esquecer o preço da gasolina em Portugal de momento) mas na realidade, o foco deste M2 é o prazer de condução. Motor potente na frente, tracção traseira, suspensão desportiva afinada e um diferencial autoblocante electrónico que trabalha com o mais permissivo ESP para uma experiência de condução sem igual.

       Esteticamente o Competition tem pequenas diferenças face à versão normal, em especial porque a BMW operou um ligeiro acerto cosmético quando lançou o M2C. Os faróis da frente são ligeiramente mais abertos com a face interna mais pontiaguda. Assim, nota-se mais o alargarmento dos guarda-lamas quando vemos este M2C de frente. Também nesta secção notamos três pequenas entradas de ar na parte inferior do pára-choques que ajuda a arrefecer o sistema de radiadores múltiplos, também eles vindos da tal prateleira de peças do M3 e M4, algo que é bastante importante quando temos 410 cavalos a correr debaixo do capot. Também os famosos «rins» estão maiores, algo que a BMW tem vindo a fazer em vários dos seus modelos, seja ou não do agrado dos fãs.

      As jantes de 19 polegadas específicas da versão Competition são de uma beleza interessante, dado que inicialmente acabam por passar despercebidas mas que depois de umas fotografias, acabamos por perceber que dificilmente haveria jante OEM mais bem concebida para colocar neste M2C. Claro que o mercado de peças aftermarket continua a lançar jantes muito interessantes mas em termos de originais da BMW, estas são, digamos, perfeitas. Na lateral é, juntamente com os espelhos retrovisores ligeiramente diferentes, as únicas coisas que nos diz estarmos perante um M2C em vez de um M2 normal. Não há mais floreados ou entradas de ar, saias laterais diferentes ou painéis alterados. Aqui a BMW poupou uns «cobres» ao usar o que tinha à mão do M2 «normal».

       Na traseira temos os dois reflectores verticais nas extremidades do pára-choques, como temos no M2. Também temos 4 ponteiras de escape responsáveis pelo festival de pipocas que entoa pelas paredes do renovado Mercado da Romeira, onde fizemos esta sessão fotográfica. Temos ainda um pequeno lip no topo da bagageira e os farolins são em led. Também aqui a BMW foi fã do «menos é mais» e não alterou a estética perante o M2. Basicamente as alterações que foram realizadas e justificadas como sendo facelift foram basicamente funcionais e de otimização da eficiência do motor e da dinâmica, ao invés de se preocupar apenas e só com novidades para trazer um modelo diferente. (e até já vimos fotos do novo M2…).

       O interior é BMW. Tipicamente BMW, sem floreados, sem inovações como quadrantes digitais com ecrãs full led ou outras invenções. Temos um ecrã central onde toda a informação está concentrada, GPS, postos rádio, conectividade e outros detalhes que ajudam a configurar este M2C. Abrimos a porta e somos brindados com uma soleira retro-iluminada que diz «M2Competition» (não fossemos nós esquecermos onde nos vamos sentar) e um ambiente requintado e com todo o glamour da marca bávara. Os bancos M em pele perfurada no centro e pele «normal» nas extremidades são ventilados e aquecidos e são excelentes na sustentação do corpo especialmente em condução desportiva. Há alusões ao facto de ser um modelo M em muitos locais e até no pesponto dos bancos, em azul conforme manda a «lei da BMW». A bordo há espaço q.b. o que nos leva a crer que realmente este M2 é um dos melhores all rounders que existem na atualidade.

     Bagageira grande, espaço a bordo (ok, atrás dois adultos têm alguma dificuldade em fazer uma viagem confortável – mas no serie 2 «normal» é igual, basicamente) mas podemos por uma cadeirinha no banco de trás (como é o caso) e andar com este M2C todos os dias. É na realidade um carro brilhante cujo valor pelo dinheiro pago não tem grande concorrência atualmente, se jogarmos principalmente como fator diversão ao volante. Claro que existem outros semelhantes, mas não tem depois o componente prático que este tem se formos comparar, por exemplo, com um Porsche Boxster ou com um Lotus. E não pensem que nos esquecemos do Audi RS3 ou do Mercedes-Benz A45 AMG ou CLA45 AMG mas esses deixamos para competir directamente com o M2 normal, tendo em conta o range de potência que tem, apesar das novas versões já ombrearem mais com o M2C.

      Saímos do trabalho, entramos no M2C e ligamos o seis cilindros. O ribombar do escape na garagem do trabalho leva-nos a procurar um caminho alternativo para ir buscar o miúdo à escola. Aprimoramos a resposta do motor, o escape e em modo M arrancamos, rumo à serra. Sim, vamos dar uma grande volta mas o que é melhor para descomprimir depois de um dia de trabalho? Curva e contra-curva, sempre com os pops a fazerem parte da banda sonora. Aproveitamos cada vez mais as acelerações vigorosas do motor deste M2C e toda a potência que este S55 disponibiliza. E quando temos já a nossa dose de diversão completa, mudamos tudo para um modo confortável, entramos na autoestrada e passamos na escola do pequeno. De caminho para casa ainda vamos buscar algo para jantar, mesmo no centro da cidade onde a suspensão apesar de não ser adaptativa e «modernaça», é mais que suficiente para aguentar os carris do elétrico, as tampas de esgoto e os desníveis de alcatrão.

      O único senão neste cenário de perfeição petrolhead é o depósito pequeno e a forma ou melhor, a facilidade com que ele se esvazia. Ou seja, no «sonho» que descrevemos no parágrafo anterior, é melhor incluir uma passagem numa bomba de gasolina para garantir que não ficamos a pé. Mas este detalhe não é um ponto negativo do M2C, é um ponto negativo de todos os carros desportivos atualmente. Conseguem ser algo contidos (mas pouco) em modo tranquilo mas basta uns minutos de diversão para vermos o ponteiro da gasolina baixar rapidamente, sendo o esforço de o voltar a por no modo full cada vez maior no nosso país. À parte disto, o M2 Competition entra rapidamente para o nosso top de carros, pela facilidade que tem em preencher todas as caixas quando analisamos a lista de vantagens de um automóvel.