
Mais um dia de descanso, mais umas fotos. Já nos habituámos a isto e honestamente, já faz parte da nossa rotina semanal. Pena que a meteorologia não ande a ajudar, sinceramente já não nos lembramos de tanta água em tão pouco tempo desde o filme do Titanic. Mas pronto, lá nos vamos conseguindo orientar e cumprir com os nossos objectivos.



Falemos do que vos trazemos hoje. Porsche. Sim, novamente um 911 e sim, nós gostamos deles, e bastante. É um modelo que está em comercialização há mais de meio século e por isso merece todo o sucesso que têm. Na realidade, é dos mais bem sucedidos desportivos do mundo e também aquele que mais evoluções sofreu, bem como o modelo que conheceu mais versões, alterações de carroçaria e motores. Assim, é normal que faça parte do imaginário de muitos petrolheads e que surjam muitos clubes e grupos de aficionados. Após alguns minutos de conversa com um amigo da equipa da All Wheels Photography descobrimos que havia uma grande disponibilidade em termos ao nosso dispor um 997 Carrera S, imaculado, que parecia saído do stand. Sim, tem alguns salpicos mas as poças de água da chuva da noite anterior não se desviam de nós. Bem, poças de água que nos deram alguma inspiração para as fotos.

Depois de alguns minutos à espera dos nossos convidados, a primeira surpresa do dia: o 997 Carrera S não veio sozinho, o nosso amigo em comum trouxe o seu vistoso 997 Turbo S. Claro que teremos de os juntar, dois 911, da mesma geração, ambos com o “S” na traseira, será razão mais que suficiente. No entanto, concentremo-nos no mais sóbrio Carrera S. Saímos do local de encontro em direcção à zona norte do Parque das Nações, mais calma, com menos movimento. Felizmente que os meninos atrás dos volantes dos Porsches não são dos “all show, no go” e puxam pelos carros entre cada semáforo, deixando-nos para trás, envoltos num misto de aromas a gasolina de elevada octanagem, bem queimada, e com zumbidos nos ouvidos. Sim o Carrera S faz algum barulho quando bem conduzido mas o Turbo S, bem o Turbo S consegue sobrepôr-se a tudo o que possa estar a fazer barulho, nós a rir incluído!



Lá chegamos ao parque onde iríamos tirar as fotos. Claro que não estava vazio e dois Porsches a chegarem ao local atraem logo as atenções, com alguns a aproveitarem para registar o momento. Após alguns minutos de análise ao local e de falar com o dono do Porsche 997 Carrera S, lá o posicionamos no local certo para iniciar a sessão de fotos. E assim que o estacionamos no local certo, ficamos admirados de como as coisas nos correm bem no momento: um excelente carro, um dia sem chuva e um cenário que parecia retirado de um monte alentejano, bastando trocar o sobreiro pelo pinheiro.



O Porsche 997 surge para substituir o bem sucedido 996. Na altura em que a versão que vos trazemos saiu, a Porsche aclamava que era O 911, subentendendo-se uma certa perfeição e definindo-o como o melhor de sempre. É certo que uma marca quando tem um modelo com tantos anos de evolução, fica com o trabalho ainda mais difícil cada vez que lança uma nova versão. O 993 que apresentamos há alguns dias era a evolução obrigatória e benvinda do 964, sendo um 911 mais refinado, mais confortável e dinamicamente mais apurado, de difícil suplantação. Depois surge o 996, apelidado pela Porsche como o melhor, mais rápido, mais económico, mais utilizável. E depois aparece o 997, e lá vem o CEO da Porsche dizer novamente o que já sabemos: este é o melhor Porsche de sempre. E nós não nos importamos nada com isso, sinceramente! Os 911 são todos espectaculares e na realidade, ficam cada vez melhores, como o Vinho do Porto.




Este Carrera S, com mais 29 cv’s que o Carrera normal, destaca-se da versão base com uma maior largura nas cavas traseiras, as 4 saídas de escape e um som mais grave, mais adulto. Mas antes de falarmos das diferenças entre este Carrera S e o Carrera normal, temos de analisar a estética como um todo. São claras as alterações que este modelo sofreu perante o anterior 996. Foi uma evolução retrógada se assim lhe quisermos falar. São notórias as parecenças com o mais antigo 993, desde os faróis da frente, agora redondos e com os piscas à parte, horizontais, no pára-choques, as ancas bem mais largas que a frente a embrulhar umas volumosas e largas jantes com borracha a condizer. Basicamente, Harm Lagaay’s, o responsável pelo design da Porsche com anos de experiência, pegou no que é clássico dos 911 e voltou a usá-lo, para mais um excelente e bem sucedido 911.






Em termos comparativos, o 997 é ligeiramente mais pesado que o 996 pelo acrescento de tecnologia e mais alguns aperitivos e ajustes na condução. O aspecto mais musculado mesmo nas versões mais básicas é potenciado pelas maiores jantes e pelas curvas de perfil mais pronunciadas mas sem nunca perder a postura e a sensualidade que apenas um 911 pode transmitir. Este modelo que aqui vos mostramos é prova que não é necessário um bodykit vistoso, asas grandes ou pára-choques com entradas de ar capazes de aspirar metade de Lisboa para ser vistoso, bonito, exemplar. Mas calma, não nos entendam mal, adoramos todos os 911, mesmo os tais mais vistosos, desportivos e com grandes apêndices aerodinâmicos. Mesmo na cor mais comum do parque automóvel português, aqui chamado de Prata GT, este 997 faz com que percamos longos minutos a olhar, a admirar a silhueta, a absorver todos os detalhes, as curvas, os ângulos. Damos por nós a tocar a carroçaria como se tentássemos que o carro falasse e agradecesse toda a atenção que lhe damos.

Depois de tanto olharmos para o exterior, vamos abrir a porta. O ambiente Porsche está lá todo, com um aspecto mais sóbrio, mais recto, mas mais moderno. Abandonaram os contornos do tablier mais curvos em detrimento de um aspecto tão robusto quanto funcional. Claro que como estamos num Porsche, os extras são uma longa lista de compras e alguns são interessantes, tal como o Pacote Pele Integral, disponibilizado por algumas centenas de euros, e incluía a base do tablier forrada num suave e elegante padrão semelhante à zona superior do tablier, portas e zonas dos bancos. Neste 997 não dispúnhamos desse extra, mas o aspecto clássico e elegante está lá. E o maior destaque neste 997 nem é tanto a qualidade a bordo que se sente assim que se abre a porta (o aroma a carro novo ainda lá está) mas sim a caixa manual, um mimo que poucos preferiram, mas já falaremos mais sobre ela. Sentados ao volante, percebemos a atenção ao detalhe que a Porsche já tinha, há mais de 10 anos, quando criou o 997, com os airbags muito bem escondidos quer no volante, quer no tablier, o centro multimédia no ângulo correcto e os bancos envolventes fazem parte do ambiente sóbrio mas interessante do Carrera S. Apenas os puxadores das portas, aerodinâmicos e que aparentam ter saído de um avião sobressaem ao olhar, juntamente com o relógio analógico que faz parte do Pacote Chrono Plus, um detalhe de topo. Mas na realidade, torna-se difícil olhar para estes detalhes quando estamos sentados neste automóvel pois ao olhar em frente, só vemos o brasão da Porsche cuidadosamente colocado no volante, o que nos dá imensa vontade de explorar este 911.



Viremo-nos agora para a dinâmica do 997. Este Carrera S conta com o 3.8 cc capaz de produzir 360 cv´s e 400 nm de binário, projectando este modelo até perto dos 300 km(h, valendo-se da tracção integral que pode enviar entre 5% até um máximo de 40% da potência para as rodas da frente, o que se nota quando se pretende medir o tempo que este 997 Carrera S demora dos 0 aos 100 km/h – 4,7 segundos segundo a marca. A caixa manual que este Porsche tem é uma delícia para os aficionados, que permite desfrutar verdadeiramente do chassis aperfeiçoado e da suspensão PASM – Porsche Active Suspension Management, suspensão com gestão electrónica do amortecimento – em momentos de condução mais pura e desportiva. Uma delícia, mesmo!







As fotografias fluíram a um ritmo rápido, tal como este Carrera S em estrada, e rapidamente nos aproximamos da hora do almoço. Aproveitamos a presença do Turbo S para mais umas fotos, desta feita de conjunto e que bem ficam ao lado um do outro, com a pureza, classe e sobriedade do Carrera S a contrastar com a agressividade, desportivismo e loucura do Turbo S. Mas não pensem que não combinam bem. Aliás, perfeito é ter ambos, na garagem, ao dispor das nossas mãos, consoante o nosso estado de espírito.


A manhã chega ao fim e mais uma surpresa nos aguardava: um convite para irmos a um encontro mensal de aficionados da Porsche, em Belém. Claro que como somos viciados dos carrinhos mas em especial desta marca, ir e conhecer outros petrolheads com a mesma paixão, era razão mais que suficiente para adiar o almoço de domingo. Ainda para mais quando atravessamos Lisboa, com um bonito sol no céu, acompanhados de dois magníficos exemplares do icónico 911 a nos brindarem com bonitas bandas sonoras provenientes dos já lendários motores boxer. Mas não vamos destronar o Carrera S deste artigo, e por isso ficamos por aqui, certos que em breve teremos mais Porsches a desfilarem em frente às lentes das nossas máquinas fotográficas. Bem, que assim seja, que nós não nos importamos nada!
