Nardo Grey RS3

        “E passou o verão.”. Podíamos ter colocado esta frase como título deste artigo não pelo facto de estarmos a 2 semanas do término do verão de 2021 mas pelo facto de ter passado mês e meio entre o dia das fotos que aqui vêm e o dia de hoje. Mas como queremos continuar a festejar o verão enquanto ele dura (embora a última semana nos tenha recordado dos tempos que aí virão), vamos antes focar-nos no que aqui temos para vocês: um potente, vistoso e viajado Audi RS3 com algumas modificações (ou não estivéssemos nós na secção de projectos do nosso site). Este ano resolvemos lançar um desafio aos portugueses que vivem fora do nosso cantinho à beira-mar plantado e oferecer um desconto nas sessões fotográficas efectuadas nos meses mais habituais das presenças dos emigrantes em Portugal: o trimestre de Julho, Agosto e Setembro.

     Este RS3, vindo da Suiça, visita a nossa zona todos os anos. E já o tínhamos visto a virar cabeças e a espalhar o charme na Margem Sul mas por falta de disponibilidade ora nossa, ora do «Bekas», o seu dono, acabámos por ter de ir adiando ano após anos. Mas 2021 foi o ano de termos uma manhã em privado com o motor de 5 cilindros mais potente do mundo, na altura em que foi lançado. O fantástico 2.5 Turbo de 400 cavalos e 500 nm de binário ostenta números imponentes mas talvez ainda mais importante que isso, é um bloco que permite bons ganhos de potência com algumas modificações, que já fazem parte da receita básica deste tipo de projectos. Neste RS3, os números finais são proibitivos e, para não ferir susceptibilidades, nem os colocamos aqui. Mas fiquem só com a noção que teve de ser «castrado» em potência para a viagem a Portugal ser mais «tranquila»… agora pensem!

        E o que podemos dizer mais deste motor 2.5T? Que os 400 cavalos se multiplicaram graças à listagem de alterações que passamos a enunciar: a APR Performance (que já conhecemos os atributos do Golf GTI do Diogo, mentor da Buckler.pt, nossa parceira) forneceu a admissão (bem visível assim que abrimos o capot) e o inlet do Turbo. Temos um filtro cónico massivo que faz parte da admissão e que parece ser capaz de engolir uma pessoa pequena quando puxa o ar fresco do exterior. A nível do intercooler a marca escolhida foi a Forge Motorsport e a Miltek está presente no downpipe e daí até sair o ar fora pelos escapes a sinfonia está garantida. Os pops & bangs surgem aqui com naturalidade e em todas as passagens de caixa e invadem o habitáculo. Claro que para tudo isto há ainda que contar com Injectores BI e bonies modificadas bem como um ajuste simpático de electrónica. O que dizer mais? É daqueles carros que só mesmo andando é que se consegue perceber o demónio sobre rodas que é, fazendo jus à fama de diabólicos que os Audi RS têm, em especial por fazerem um uso perfeito do sistema Quattro e claro, a excelente repartição da potência pelas quatro rodas. Demolidor, numa palavra.

      Depois de termos andado neste RS3, temos de nos virar para o restante pacote, dado que um Audi RS não é só motor. Também é estética, destaque, entusiasmo em cada detalhe e ângulo… A Audi sempre soube fazer desportivos especialmente os que derivam de um modelo «normal», se nos permitem a palavra. O A3 é um familiar compacto competente, seguro, eficiente, confortável e com uma boa qualidade de construção. O RS3 é tudo isso, envolto numa carroçaria larga, mais baixa, com grandes entradas de ar, difusores e um interior com carbonos e pele e detalhes que nos impelem à exploração como se nos tratássemos de uma criança. Cruzar os menus para ver as Força G ou os tempos feitos num percurso acaba por ser um momento «à la Playstation» tão essencial quanto o ato de aumentar as rotações num semáforo só para intimidar aquela mota da Uber Eats que insiste em furar a fila de trânsito e atravessar-se à frente de nós só para arrancar primeiro que os outros.

      E se a Audi sabe fazer desportivos, também sabe depois apetrechá-los de pormenores para que pessoas como nós depois se «estiquem» na quantidade de fotos que tiramos numa sessão. Sabemos que anunciamos sempre um mínimo de 20 ou 30 fotografias mas depois atingimos sempre valores bem superiores a esses. Problema? Só para escolher as edições, pois de resto não há qualquer problema e o cliente agradece sempre. Mas concentrem-nos neste RS3, que pintado numa das cores mais conhecidas da Audi, a Nardo Grey, se destacou logo no local onde combinámos para nos encontrar, em Corroios. Todos olham, todos param para admirar e muitos aproveitam para aquela foto rápida ou vídeo para ouvir o «ribombar» do pentacilindrico a ressoar.

         O aspecto musculado do RS3 começa logo na frente, pois claro. Com a carroçaria mais larga 20 mm que o A3 «normal» juntamente com a grande grelha central em favos de mel preto brilhante, este germânico inspira logo a andar depressa quando nos aproximamos dele. As generosas entradas de ar são perfiladas com pequenos pormenores e com a palavra «Quattro» gravada na parte inferior, para não nos esquecermos que embora potente, pode ser conduzido até na neve. Este «nosso» RS3 tem detalhes em verde-lima, como as barras de reforço da caixa do motor, visíveis quando miramos este Audi de frente. Os faróis já da versão facelift em led com assinatura diurna acabam por dar um ar mais familiar a este desportivo, por ser parte que é igual em todos os Audi A3 (desde que optem por estes faróis, que nas versões mais «banais» são extra). Apesar do aspecto mais musculado, o RS3 é cerca de 25 kgs mais leve e onde se conseguiu «ganhar» na perda de peso foi, por exemplo a ausência de bancos elétricos ou a utilização de travões carbo-cerâmicos. Os painéis na maioria são em alumínio e existem muitos outros pontos onde grama a grama, se emagreceu este RS3. Isso combinado a um aumento de 32 cavalos face à versão anterior, permite que este Audi seja mais rápido que o seu antecessor e dos 0-100 faz apenas 4,1 segundos e embora haja limitação electrónica de velocidade máxima nos 250 km/h, sabemos que fará bem mais que isso.

 

       É de perfil que o «músculo» se acentua, com um rebaixamento de 35mm possível pelo uso de molas H&R que juntamente ao facto do RS3 já ser 25mm mais baixo que os A3 «base», fazem rolar este Audi bem junto ao solo. A postura de ataque é cimentada pelas generosas (e sujas, sabemos) jantes Forged Flow F2 de 19 polegadas de apenas 8kg’s cada uma e pelos tais travões bem grandes (370mm na frente) com massivas maxilas verde-lima que fazem um contraste muito interessante (e diferente do habitual, felizmente) com a carroçaria cinzenta. É visível de perfil o pára-choques da frente agressivo e as ponteiras traseiras, às quais dedicaremos duas palavras no parágrafo seguinte mas que serve para vos conduzir o olhar para a sensualidade das linhas desportivas deste RS3.

     Na traseira… bem, na traseira temos mais agressividade, mais imponência, mais tudo. As duas ponteiras ovais de generosas dimensões dão música aos nossos ouvidos e agravam no bom sentido o som do motor penta-cilindrico. O pequeno lip da mala em carbono é já indispensável em modelos com «mala» e nem o emblema RS3 escapou ao detalhe verde-lima de outros locais. Podemos gostar de ver este Audi RS3 afastar-se de nós, mas preferimos mesmo andar nele até porque o interior é um excelente local para se estar.

       O isolamento acústico está ao nível do que a Audi já nos habituou e não fosse a linha de escape e as janelas abertas, não ouvíamos sequer o motor, em andamento tranquilo… que só aconteceu durante escassos metros pois este Audi impõe que sejamos pouco simpáticos com o pedal direito. As poltronas em pele e carbono são confortáveis e agarram-nos nas curvas e apresentam um padrão já sobejamente conhecido da marca dos quatro anéis. Há muito carbono, muito detalhe e tecnologia, com um quadrante 100% digital e com um outro, que sai no tablier, gerido pelo botão giratório na consola central. O som do rádio chega-nos através do sistema de som da Bang & Olufsen e há carbono no tablier e na consola central onde a manete da caixa de velocidades automática assume o protagonismo. Há tecto de abrir, ar condicionado automático bizona, virtual cockpit e câmara de marcha-atrás e sistema de chave keyless.

     Resumidamente, temos um desportivo com prestações de superdesportivo, espaço para quatro adultos, bagageira bastante volumosa e um estilo inconfundível. Os modelos RS da Audi sempre nos fizeram sonhar e entregam sempre uma experiência de condução ímpar, muito por culpa dos motores possantes e da tracção integral. Consegue encostar-nos a cabeça ao banco e impedir que nos cheguemos à frente em aceleração e manter essa força constantemente e em curva. A forma como o binário é explorado pelo chassis e pela suspensão é única e faz-nos duvidar muitas vezes se conseguimos fazer determinada curva. A direcção é directa, muito precisa e aumenta-nos a confiança a cada quimlómetro. Ao mesmo tempo, sabemos que se nos excedermos, além das ajudas electrónicas que temos, contamos com a tal travagem muito forte e aparentemente incapaz de se cansar.

       Fora deste RS3, enquanto exploramos os settings da máquina fotográfica para umas pannings, percebemos que este Audi é o sonho automóvel do seu dono, pela forma como ele olha para o seu menino de quatro rodas. Não se deixem enganar pelo facto deste RS3 estar sujo (afinal de contas, combinamos as fotografias de véspera e não houve mesmo tempo para passar uma água), o dono é cuidadoso e estima-o bastante, mesmo durante as centenas de quilómetros que faz entre a Suiça e Portugal. Apesar de estarmos muito bem acompanhados e da conversa com o «Bekas» estar boa, as férias dos emigrantes acabam por ser uma espécie de agenda política, com a constante necessidade de viajar para visitar amigos, familiares, aproveitar o bom tempo na praia e o descanso… basicamente, acreditamos que ao mesmo tempo que estão a ler este artigo, o «Bekas» está a descansar das férias em Portugal, já com bastantes saudades do nosso pequeno mas grande País. Até para o ano.