Le luxe Français

       Quando começam a ler os nossos artigos, já passaram os olhos por algumas fotografias. Este artigo não é diferente nisso, até porque sendo a Allwheelsphotography uma «empresa» focada na fotografia, ficava «mal» descarregarmos logo uma série de letras e linhas para vos aborrecer. Isto para vos dizer, neste caso escrever, que este artigo pode ser um pouco diferente do que estão habituados. Sim, também fotografamos outros veículos sem ser desportivos, ou clássicos, ou ambos em conjunto no mesmo objecto; a nossa área de interesse vai até onde o cliente quiser e neste caso, fomos conhecer e registar fotograficamente este SUV, o DS7 SportBack, a pedido do Vixtra Design & Detailer, após uma sessão de detalhe e cuidado automóvel que valoriza ainda mais a imagem premium deste francês. E quando dizemos luxo, falamos a sério, de tal forma que assumimos já, no primeiro parágrafo, que as nossas fotografias não fazem jus ao que este DS7 apresenta em termos de detalhes, não só de estética, como de conforto e de… luxo, na verdadeira concepção da palavra.

     De tal forma tivemos dificuldades em inserir fotograficamente todo o luxo e qualidade a bordo (e também no exterior) que optámos por colocar no final do artigo um vídeo da Razão Automóvel onde o Diogo explora dinamica e factualmente todo este SUV do segmento mais concorrido atualmente, mesmo com os valores destes veículos a passarem calmamente os 50 000€ de versão base. Este que aqui vos mostramos é uma das versões mais cobiçadas por ser full extras e com motorização apetecível (embora haja já versões com motores mais potentes). Com configuração «Opera», os detalhes são ainda mais tidos em conta e claro, mais caprichados e nada, nada mesmo foi deixado ao acaso. Mas antes de entrarmos em pormenor, uma palavra de agradecimento ao Vitor por confiar novamente no nosso trabalho para expor o seu cuidado e aplicação no detalhe e no cuidado automóvel.

«Opera» significa aqui que estamos perante um veículo recheado de extras.

     Ora bem, o DS7 é… um Citrõen sem ser um Citrõen. É uma marca independente, nascida no seio do grupo PSA e com objectivo bem definido: chegar a um nicho de mercado onde o que é importante é a atenção ao detalhe, o feeling de luxo que perderia muito interesse se fosse associado ao símbolo do double chevron. Assim a marca DS assume uma posição de diferenciação no mercado, um pouco como as sub-marcas Polestar para a Volvo e Dacia para a Renault embora não sejam remotamente comparáveis em termos de objectivos específicos, mas foi mesmo só para enquadrar. E é bom? É que o estigma do carro francês perante o alemão continua a existir e sabemos desde já que vai haver torcer de narizes face ao facto deste DS7 ser basicamente um 3008 carregado de luxo… mas é TÃO mais do que isso. E sim, ombreia facilmente com os seus rivais XC40, Audi Q3 e BMW X3 por exemplo, mesmo quando se comparam os motores similares e os níveis de equipamento, sendo até mais «barato» que o X3 (se tivermos em conta a potência do motor, por exemplo).

     E se até há uns meses este DS7 era o porta-estandarte da DS (agora atualmente esse cargo é ocupado pelo DS9), não é por isso que deixa de ser menos imponente. Ao chegarmos ao local das fotografias rapidamente percebemos que este DS7 tem uma coisa que é muito importante para qualquer automóvel: uma excelente primeira impressão. Não é lindíssimo, não tem uma carroçaria com formato invulgar, nem, neste caso, tem uma cor chamativa, mas é um automóvel que no seu conjunto é interessante de olhar, cativa a que percamos algum tempo a apreciá-lo e prende-nos, como que mais importante que conduzi-lo, fosse «despi-lo» com os olhos, passemos a expressão.

Os detalhes soberbos começam logo na dianteira bastante imponente e com a assinatura DS: muitos cromados, a grelha tridimensional e claro, uns faróis que não deixam ninguém indiferentes pois os três leds são móveis e quando se abre o carro, os mesmos rodam sobre si. Se estiverem atentos ao vídeo da RA mais abaixo, podem ver o mecanismo a funcionar e ficam logo com uma pequena ideia da atenção que os engenheiros e designers da marca tiveram em todos os detalhes. O capot com as laterais mais altas aumenta a sensação de robustez e as suas linhas conduzem a nossa visão para o pára-brisas bastante largo que permite uma excelente visibilidade para o exterior. O enorme logótipo da marca DS marca o foco central desta porção e esconde a câmara responsável pela leitura das imperfeições da estrada que permite à suspensão se adaptar individualmente a lombas, depressões e buracos, para minimizar o impacto a bordo. Está tudo no vídeo, explicado pelo Diogo.

     Mas continuemos. No perfil deste DS7 encontramos o habitual na receita SUV: altura ao solo aumentada, plásticos nas cavas das rodas para melhorar o impacto visual e proteger a carroçaria das «pseudo» saídas de estrada e uma silhueta geral que é o comum neste segmento. E neste campo efectivamente não há muito a fazer ou a dizer, é o formato que impera mas a DS não quis deixar em mãos alheias os detalhes também nesta secção e apostou nas jantes para o fazer. Embora não sejam enormes, as jantes de 19 polegadas encerram a responsabilidade de se destacarem e fazem-no bem, sem exageros. Raios trabalhados, com um aro rasgado e com curvaturas, num desenho informal e desigual, mas que resulta. E até as tapas dos pipos para colocar o ar tem o detalhe da DS, uma boa forma de chamar a atenção para o bom e para o menos bom, principalmente para os amigos do alheio.

     Já na traseira a história é outra. Tal como na frente, a DS investiu muito tempo em elementos de distinção e de chamada de atenção, principalmente nos grupos óticos. Os leds dos farolins em três dimensões e mais uma vez, com elementos trapezoidais fazem o destaque e «casam» na perfeição com os cromados em volta dos mesmos. Além disso, temos duas saídas de escape (verdadeiras, algo já raro nos modelos mais recentes) também com o mesmo formato geométrico que acrescentam personalidade e carácter. Destaque ainda para os grandes refletores traseiros e para o excelente acesso que a porta da mala permite à bagageira, um verdadeiro local de armazenagem de bagagens, com uma volumetria muito boa, com 555 litros que podem estender-se aos 1752 litros com os bancos rebatidos.

O nível de detalhe é soberbo!

      E já escrevemos bastante sobre o design exterior, vamos ao interior, onde a magia acontece e onde a DS não deixou nada ao acaso. Luxo, qualidade, espaço e tecnologia, são palavras que habitualmente utilizamos para descrever os habitáculos de alguns dos veículos que vamos fotografando. Mas neste DS7, temos de colocar um «mais» ou um »muito» antes de qualquer uma das palavras adjectivantes. A DS não deixou nada ao acaso e ao abrimos a porta percebemos isso logo…pelo cheiro. Sim, pelo cheiro, pois o aroma no ar é de pele bem cuidada, de qualidade e de componentes associados bem trabalhados. Não há napas ou plásticos menos nobres e o impacto que temos é de estarmos a bordo de um sedan de luxo de uma marca alemã. A concorrência ensinou muitas coisas à sub-marca da Citröen e isso é óbvio em cada recanto. O tablier por exemplo, é aborrachado, integramente forrado em pele com pespontos simétricos e alinhados na perfeição com as suturas da porta.

      A pele dos bancos é dura, robusta e embora demoremos uns 5mins a habituarmo-nos a eles, depois de estarmos sentados, é notório o nível elevado de excelência e de conforto. As massagens são benvindas, vigorosas mas relaxantes, sem caírem no excesso de calma que não convém a quem vai ao volante. E já que falamos nesse centro de controlo que é o volante, este tem uma excelente pega, uma ótima posição e todos os comandos necessários centrados em 2 conjuntos de 4 botões. A base plana ajuda nas entradas e saídas da posição de condução e acentua o carácter mais «desportivo» a bordo. Desviamos o olhar e encontramos um quadrante integralmente digital de 12 polegadas e de excelente leitura e com vários modos de display onde não faltam informação, até dos diversos modos de condução. No centro do tablier temos outra «televisão» de generosas dimensões (igual ao quadrante) onde a palavra de ordem é a simplicidade. Poucos botões e facilidade tátil são os pontos-chave do sistema de infotainment que a DS instalou neste DS7. E temos de destacar aquele fantástico relógio analógico no topo do tablier, de uma marca francesa de relojoaria e que «corta» toda a tecnologia a bordo. Um detalhe fantástico num interior soberbo.

    Mas calma, há mais. O AC automático e bizona tem estas características também nos bancos traseiros e é controlado também num pequeno ecrã tátil na consola central. Os apoios de cabeça têm gravado o logótipo DS, não vá alguém a esquecer-se onde se encontra sentado e uma das mais interessantes soluções de ergonomia a bordo e que deve ser única neste segmento é a reclinação elétrica dos bancos traseiros, permitindo adoptar uma posição mais deitada dos mesmos, de forma a melhorar ainda mais o conforto a bordo. Ainda dizem que os franceses são egoístas… Fenomenal, é o que temos a dizer. Entre a pele de qualidade superior, a alcântara, os detalhes eletrónicos e os pormenores retilíneos, o habitáculo deste DS7 está recheado de boas coisas para ver e rever. Ainda hoje, ao ver as fotografias para escrever o artigo, descobrimos coisas novas para referir e que nos colocam a pensar no nível a que este DS7 se encontra.

     Diz quem o conduz que este DS7 é excelente no que faz. Não é rígido em demasia, mas permite a envolvência do condutor em traçados mais sinuosos, principalmente no modo Desporto, onde a suspensão ganha rigidez, o escape uma nota mais grave (por auxílio de som «injectado» nas colunas Focal) e a caixa tem passagens mais vigorosas. No modo conforto é brilhante. Filtra as irregularidades graças à tal suspensão inteligente com o sistema DS Ative Scan Suspension e que nos faz lembrar do antigo mas lindíssimo «boca-de-sapo». Um revivalismo obrigatório, quando sabemos que a Citröen sempre foi rainha no conforto a bordo e nas soluções inovadoras não só na área do conforto como da tecnologia automóvel. E não, não o conduzimos mais do que 300 metros e por isso não pudemos experimentar todas estas inovações, mas as reviews como aquela que colocamos já a seguir acabam por comprovar o que está escrito no «papel».

        Não somos fãs de SUV’s, como já devem ter reparado. Embora tenhamos cada vez mais procura nesse âmbito, pois acaba por ser um segmento em franca expansão e com propostas cada vez mais interessantes, como os de alta gama da Porsche, Lamborghini, Bentley ou Audi. Mas no segmento abaixo reina o excelente compromisso entre qualidade, design e segurança, num pacote onde a estética tem cada vez mais destaque e onde este DS7 se destaca imenso da concorrência. Apesar de um valor bastante elevado, na aquisição em novo (quase 70 000€ com todos os extras que apresenta), acabamos por «aceitar» esse mesmo valor em face do que encontramos. Exclusividade, beleza, tecnologia e qualidade são atributos que usualmente são dados adquiridos em modelos de gamas mais altas mas que necessariamente trazem o «peso» do emblema a engrossar a conta final. Este francês de pappilon é uma excelente surpresa e quase que nos converte à paixão por estes veículos de «calças arregaçadas»… quase! Agradecimentos mais uma vez ao Vitor da Vixtra Design & Detailer pela confiança no nosso trabalho e deixamos o tal vídeo da Razão Automóvel onde podem ver tudo o que aqui se escreveu e mostrou, pelas mãos do Diogo.