IAA 2017 – Salão Automóvel de Frankfurt

    O dia amanheceu com sol, coisa pouco normal num dia de setembro na Alemanha mas que nesta nossa visita foi uma constante agradável. Tem de começar cedo o nosso dia se queremos ter tempo para ver tudo, por isso cedo rumamos à Messe de Frankfurt. Todos os dias do evento centenas de milhar de pessoas passam entre os carros expostos, coisa que não pode deixar de ser assinalada visto os carros mais famosos das marcas estarem sempre envoltos numa autentica moldura humana quando não estão protegidos por uma cerca de vidro. Isso dificulta muitas vezes o acesso aos mesmos, quer para a fotografia quer para entrar nos veículos. Não é dificil chegar ao fim de 8h de salão sem termos cheirado o couro a algum interior mas o facto de estarmos presentes num verdadeiro festival automóvel e de de vez em quando ouvirmos um sotaque portugues lá ao fundo compensa isso.

A mostra de aptidões TT da Volkswagen atraiu muitos curiosos.

     Já podemos dizer que estamos habituados à confusão de um evento como é o salão de Frankfurt mas em todas as vezes que já tivemos a oportunidade de o explorar (sendo esta apenas a primeira na AWP) ficamos surpreendidos com os conteúdos e a evolução dos espaços em si.

    O IAA (Internationale Automobil-Ausstellung) existe desde 1897 onde foi organizado pela primeira vez no hotel Bristol em Berlim. A partir de 1931 a novidade eram os carros de tração frontal (imagine-se!) e desde então tem sido a maior montra de exposição tecnológica automóvel do mundo. Em 1951 o salão muda-se em definitivo para Frankfurt e, como não só apresentava carros de passageiros como comerciais e devido à grande concentração de mostradores no então “pequeno” espaço “ frankfurtiano” este foi dividido em dois eventos: em anos ímpares os carros de passageiros seriam apresentados em Frankfurt enquanto que os comerciais iriam para Hannover em anos pares. Carros como o Beetle em 1939, o Renault 5 e VW Jetta em 79, BMW 635Csi, Mercedes-Benz 190 e o VW Golf mk2 em 1983 ou o Ferrari F40 em 87 viram o seu lançamento e primeiro contacto com o público naquele espaço.

    

       Ocupando uma área considerável da zona industrial de Frankfurt (a Messe) os mais de 1100 expositores em pavilhões espalhados que quase podem ser considerados salões automóveis dentro de um salão automóvel. Mais de 930.000 pessoas visitaram as marcas da «casa» que mostram sempre bem a sua dominância criando pavilhões próprios só para elas onde em todas as edições mostram o que há de novo.

Regresso ao passado por parte da Mercedes-Benz, que contrastou com o futurismo das novidades.

    Bem, começamos a visita. Muito para ver, pouco tempo para tal. Não vamos entrar aqui em análises detalhadas de cada marca e o que teve mais importância neste evento, mas podemos claro falar da experiência em si e mencionar alguns dos modelos presentes. Os mais atentos puderam ver quer nas fotos que aqui colocámos como em vídeos do evento que a Mercedes-Benz supreendeu os presentes ao passar nos seus ecrãs as publicações sobre a marca no instagram. A AWP não perdeu a oportunidade e também figurou nessas publicações, o que valeu algum reconhecimento dos presentes no evento. Ainda no stand da marca da estrela, o destaque era, sem dúvida, o hipercarro ONE e o portentoso Mercedes-Maybach Vision 6 Cabriolet, um porta-estandarte daquilo que a divisão de luxo da marca alemã pode oferecer nos próximos anos. Os vários AMG marcaram também presença no stand, tal como as versões de competição e protótipos que antecipam tecnologias e desenhos de estilo.

       Mantendo-nos na Alemanha enquanto país fabricante, damos um salto ao stand da BMW. A marca bávara conseguiu corresponder ao hype gerado uns dias antes com o anúncio de um concept dentro da linhagem i Performance (veículos eléctricos). Trata-se do BMW i Vision Dynamics, um modelo que vem reforçar a oferta da BMW nesta linhagem de automóveis e que se posicionará entre o i3 e o i8. Capaz de atingir os 200 km/h e uma autonomia de 600 km, seria uma séria ameaça aos líderes Toyota Prius e Nissan Leaf se… fosse produzido! Sem promessas, a BMW apenas refere que se trata de uma montra tecnológica que permite aos engenheiros «exercitar a mente em busca de novas formas de locomoção…»; se bem conhecemos a marca alemã da hélice, este i Vision deverá transformar-se brevemente em algo mais real. Bem real eram os vários modelos da M Performance e de competição que não podiam faltar. Ainda destaque para o concept Z4, que antecipa o novo cabrio da marca bávara (oxalá que saia muito semelhante ao apresentado, pois é realmente impressionante!). Ah, e não podemos esquecer a pista dentro do salão que a marca usa para apresentar dinamicamente os seus veículos.

     A Audi trouxe ao salão o seu novo R8 V10 RWS, uma versão mais exclusiva, leve e hardcore do já conhecido R8 V10 e limitado a 999 unidades. Mantém o V10, mas agora associado a uma tracção traseira apenas, tornando a condução deste Audi bem mais interessante. Ainda no stand da marca dos anéis, destaque para o Audi TT carregado de extras e detalhes que mostram uma nova linha de acessórios da marca, a Audi Sport Performance Parts e as versões desportivas RS3 e RS4. Uma das marcas que mais curiosidade tínhamos era a da Opel. Talvez por ambos os elementos da equipa AWP conduzirem carros desportivos desta marca, a vontade de conhecer as novas versões era bastante. Logo à cabeça o novo Insígnia que no IAA se apresentava numa cor menos chamativa mas não tão pouco apelativa. A versão GSi do familiar da marca vem ímpor uma nova postura desportiva da marca, agora parte da PSA e que antecipa a versão mais potente OPC. Este GSi, apesar de menos potente (260 cavalos) que o anterior OPC do modelo foi mais rápido que este no circuito alemão Nürbürgring e… bem, não podemos estar mais ansiosos por lhe deitar as mãos!

      Saindo do país anfitrião, vamos a sul, até Itália. E qual os stands mais apetecíveis? Ora resposta fácil: Lamborghini e Ferrari. A marca do touro mostrou as versões mais apimentadas do Huracan e claro, o que não faltou foram curiosos que nos dificultaram até a colheita de imagens para vos mostrar. Tudo normal claro. Normal também era o correrio na Ferrari. Como seria de esperar, as marcas de supercarros atraiem sempre mais atenções e a Ferrari não é excepção. A grande atracção da marca foi a apresentação mundial do modelo Portofino, a nova estrela da companhia que vem substituir o California. Partilhou as luzes da ribalta com o bem sucedido 488 e com o potente 812 SuperFast. Esperavamos encontrar o LaFerrari Aperta por ocasião dos 70 anos da Ferrari mas… não lhe colocamos as lentes em cima.

A agressividade da marca bem patente neste Huracan.

     A Jaguar mostrou algumas novidades interessantes. Talvez a mais carismática tenha sido a apresentação da Jaguar e-Trophy, um campeonato para modelos elétricos que usa o familiar XE como base. Abordagem muito interessante da marca que aproveitou o salão para mostrar a raça desportiva com o XE SV Project 8, uma versão desportiva do XE em linha com os vários protótipos como o F-type project 7 de 2015. Antes de mudarmos de continente, temos de voltar à Alemanha e à Porsche, que premiou os visitantes com a versão hardcore do 991, o GT2 RS que causou um grande impacto e atraíu imensa atenção. Ainda destaque para o Panamera Turbo S E-Hybrid que alia a economia à desportividade. Conseguimos ainda espreitar a Bugatti com o seu impressionante Chiron destacando a marca dos 0-400-0 km/h de 4,2 segundos e a Bentley que mostrou ao mundo o novo exercício estilistico para os seus modelos.

Um dos mais esperados, o novo e brutal 991 GT2 RS.

     

     Agora sim, rumo à Ásia. A grande expectativa era com a Honda e o seu novo Civic Type R. Mal sabíamos nós que íamos ter contacto, semanas mais tarde, com o primeiro modelo vendido em solo nacional. Por isso, não nos alongamos muito aqui, para guardarmos um pouco para a sessão a solo e teste por terras lusas. Além do «CTR», foi o NSX que roubou as atenções no stand da marca nipónica, com as versões de estrada e de competição, bem como um all-carbon que causa um grande impacto visual!

      Na Kia era o Stinger a estrela. O novo familiar da marca coreana tem um visual arrojado, extremamente bem conhecido e dotado de possantes dimensões, o que nos deixa ansiosos pelo contacto em solo nacional. Já na Hyundai estavamos curiosos com o novo i30 N, o desportivo que vem agitar ainda mais a luta entre os Megane RS, Golf GTi ou Astra OPC. Destaque ainda para alguns construtores asiáticos que começam a virar as atenções para o mercado europeu. As ofertas demonstradas notavam-se pelos acabamentos e os materiais serem praticamente iguais aos que encontramos num qualquer modelo europeu e pelo design exterior ser bastante apelativo na maioria dos modelos.

       Voltando ao velho continente, a VW apresentou o T-Roc, o pequeno SUV de fabrico português que promete ser um sucesso de vendas (oxalá que assim seja!) e mostrou o alinhamento da marca para 2018. A Mini possuía uma autêntica cidade com imensos modelos em exposição onde temos claramente de destacar o concept Mini John Cooper Works GP que podia ser visto de uma das cadeiras de barbeiro que a marca possuía no seu «salão de beleza».

    Nos automóveis americanos, a Ford tinha um pavilhão bem vistoso onde os Mustang e o GT partilhavam as luzes, claramente com mais impacto o GT, na tradicional cor vermelha de listas brancas.

    É realmente um mundo este IAA. Encontramos de tudo, e não falamos apenas dos carros. Pessoas de todo o mundo, espetáculos de luz, som e vídeo, concertos… de tudo mesmo. E claro, não podemos esquecer a simpatia de alguns dos presentes nos expositores. Podemos não ser frequentadores assíduos de salões automóveis, mas ao IAA não faltaremos para o ano!