
Com o verão perfeitamente instalado no nosso país, os convites, propostas e pedidos à All Wheels Photography multiplicam-se. E ainda bem que assim é, pois temos de aproveitar o melhor do bom tempo e claro, da disponibilidade e das excelentes paisagens do nosso país. Já não é novidade nenhuma que temos alguns dos mais belos recantos mundiais «ao virar da esquina» mas precisamos por vezes de fazer alguns quilómetros para encontrar outros que merecem tanto ou mais a nossa visita e claro, registo fotográfico. Aliar este turismo do «vai para fora cá dentro» à fotografia automóvel acaba por ser uma mais valia enorme para nós.

Posto isto, rumámos novamente ao norte, à zona do Porto para um fim-de-semana dedicado à cultura petrolhead que tanto é elogiada não só por nós, mas pelos que a vivem e também pelos que lhe sentem a falta. Sabendo disso mesmo, rumámos à cidade invicta logo de manhã para podermos dar uma volta pelas principais avenidas da cidade e «matar saudades» da cultura automóvel nortenha. Sim, já o dissemos, mas nunca é demais elogiar o gosto que a malta daquela zona do país nutre pelo que conduzem seja diariamente seja ao fim-de-semana.





A passagem obrigatória pela avenida da Boavista e pela Foz faz-se em ritmo de passeio e claro, serve para ver alguns belos exemplares de marcas como a Ferrari, Porsche ou Bentley. Claro que há espaço para os mais comuns AMG ou BMW M, mas não nos fartamos de os ver. Rumo ao local escolhido, junto à Fortaleza de São João da Foz, aproveitámos para avaliar os locais passíveis de serem ocupados pelo nosso BMW Serie 1 cabrio (E88) mas um imprevisto começou a deixar-nos algo preocupados.
Um lado das nossas histórias sobre as sessões que normalmente não contamos são os imprevistos. E não nos lembramos de uma que tenha corrido sobre rodas (literalmente), ou seja, que não tenhamos tido qualquer problema ou história caricata para contar. Desta vez, os festejos do S. João (uma das maiores festas da cidade) deixou-nos com os locais previamente escolhidos inacessíveis, devido à ocupação dos passeios da Foz de roulottes-bar, casas de bifanas ou bares de caipirinhas. Assim, o improviso foi mais uma vez o nosso maior aliado e decidimos percorrer a marginal rumo à baixa do Porto de forma a encontrar um local. Mas um sábado de manhã, com um tempo incrivelmente ameno, agradável e ideal para a prática de caminhadas ou voltas de bicicleta não se coaduna com espaços naquela zona livres de pessoas para podermos estar descansados.


Enquanto procurávamos local, íamos mirando o E88 pelo espelho retrovisor. Que postura! A rolar junto ao chão, este BMW tem uma presença que poucos conseguem. A sua cor azul Le Mans aliada à largura conseguida pelo set rolante e claro, ao facto de ser cabrio faz virar as cabeças de todos os que, como nós, sabem apreciar um carro bonito. Confirmamos isso mesmo ao longo do «desfile» feito pela marginal, devido ao trânsito algo compacto na zona. Já conformados com a inexistência de locais para fotos, e pensando na Marina do Freixo como solução interessante, esquecemo-nos que o Porto é uma cidade cheia de surpresas e de locais de uma beleza ímpar e… encontramos o local que podem ver nas fotos. Uma zona de estacionamento/pesca junto à ponte da Arrábida que se encontrava bem disponível para nós.



Com o automóvel alinhado, capota para baixo e a aproveitar o bonito sol da manhã, pudemos finalmente apreciar as linhas deste descapotável, raro em termos de base para projectos deste estilo, o que nos levou a perguntar ao dono o porquê de escolher o E88. Basicamente, foi a resposta à procura por um descapotável de 4 lugares relativamente económico e que esteticamente cumprisse com aquilo que ele procurava. Entre a Mercedes e a BMW, a escolha não andava fácil pois apenas apareciam no mercado de usados modelos mais caros e com motores mais possantes e claro, mais gastadores. Até que apareceu este Serie 1, já com algumas modificações mas que reunia no mesmo pacote aquilo que se pretendia.
Tal como o dono procurava este Serie 1, também a BMW procurava um sucessor do Serie 3 compacto (com plataforma do E46) que teve menos sucesso do que o esperado. A marca bávara pretendia manter-se no mercado dos pequenos compactos com um modelo abaixo do alinhamento de preços do serie 3 mas com o mesmo nível de qualidade de acabamentos e prazer de condução. Surge assim o Serie 1, em 2004, como o BMW mais barato do alinhamento da marca (dependendo, claro, do motor usado, pois havia serie 1 mais caros que alguns serie 3). E a aposta da BMW revelou-se uma autêntica mina de ouro pois tornou-se rapidamente um dos modelos mais bem sucedidos da história moderna da marca alemã.




3 anos mais tarde, a família Serie 1 que até então contava apenas com a versão de 5 portas sofreu uma reviravolta e conheceu as versões mais desportivas de 3 portas, coupé de 2 portas e claro, o descapotável. Com tracção traseira, quatro lugares e uma gama de motores que ia do económico 116d ao potente 135i (não contando com o colossal 1M), o Serie 1 conta com uma distribuição de pesos ideal de 50/50, chassis reforçado e motor montado longitudinalmente que aliado a uma suspensão de alumínio tornava este BMW um dos mais interessantes veículos de uso misto (diário e desportivo). Apesar de não ser uma referência em termos de espaço interior (longe disso), o Serie 1 foi muito procurado por jovens solteiros ou famílias pequenas pela sua dinâmica e facilidade de condução. A qualidade BMW nos interiores, acabamentos e extras tornavam a sua aquisição uma decisão mais emocional que racional devido aos preços a que facilmente estes veículos chegavam, sendo hoje em dia comuns nas listagens de veículos usados em venda.


Mas concentremo-nos neste Azul Le Mans. A cor é realmente uma mais valia para este cabrio. Além da profundidade que dá a determinados ângulos ao BMW, atrai a luz de uma forma excelente e ajuda a captar as fotografias de uma forma fluída e natural. Claro que a cor não é, de todo, a atracção número um neste projecto, mas sem dúvida que ajuda a tornar este automóvel ainda mais chamativo, sem ser necessário efectivamente recorrer a cores flurescentes ou brutalmente chamativas. Depois da cor, o conjunto jante/suspensão realmente completa o cenário assim à primeira vista.
A suspensão a ar A2K consegue dar a este BMW uma postura quando parado ímpar. De «peito» no chão, este Serie 1 cabrio ainda se torna mais chamativo, pelas boas e más razões (que devem calcular quais) mas sem dúvida que é um íman de fotos, prova disso foi a dificuldade imensa em escolher as que fariam parte deste artigo. Com gestão electrónica, esta suspensão consegue ser controlada quer dentro do habitáculo quer fora, permitindo um alinhamento perfeito do chassis com o chão ficando perfeitamente alinhado com o horizonte e com as nossas lentes. Depois, as belissimas jantes compõe o ramalhete ao permitindo um alinhamento e fitment perfeito quando se rebaixa o E88. Em 19×9,5, as Treeface Sky são realmente perfeitas para este modelo, cruzando a classe e sobriedade com a desportividade e agressividade que apenas umas jantes com esta concavidade conseguem.



Depois, a estética em si. Com a frente do 1M (modelo mais desportivo desta gama), faróis do centro estético Ludwig Design (estilo americano) e o alargamento das cavas (usando painéis do 1M), este E88 salta à vista em qualquer local, seja no trânsito, seja no estacionamento. O facto de ser descapotável e ter o pára-brisas ligeiramente mais baixo e inclinado acentua a desportividade deste modelo. Depois na lateral e traseira não houve necessidade de abusos. Recorrendo à divisão desportiva da BMW, utilizou-se as saias laterais e difusor traseiro do pack M, disponível para o E88 e claro, colocaram-se umas ponteiras extra numa linha de escape personalizada e que «engrossa a voz» a este Serie 1. Além da voz, o motor também sofreu algumas atualizações, chamemos-lhe assim o que implicou também uma melhoria do sistema de travagem, recorrendo a discos maiores da divisão Performance da BMW e a pinças da Porsche.




E se é agradável vê-lo de fora, mais agradável é conduzi-lo. O interior de qualidade, com muita pele, alcântara e alumínio é um excelente local para se estar, especialmente de tejadilho recolhido a aproveitar o ar fresco do Douro. Mas não estamos aqui para relaxar ou descansar e retomamos as fotografias. O volante da divisão M personalizado confere uma boa pega e o conforto dos bancos é uma mais valia para as viagens diárias que o dono faz neste BMW. Claro que atrás o espaço é acanhado (como na maioria dos descapotáveis de 4 lugares) mas não desilude. Na bagageira o destaque vai para a Corona, a conhecida marca de cervejas mexicana dá côr (azul, novamente) ao reservatório do sistema de suspensão a ar. Sem dúvida, mais um acessório bem cuidado e interessante neste projecto.





Com a hora de almoço a aproximar-se rapidamente, o dono deste E88 deu-nos a conhecer o grupo a que pertence e que segundo ele, é em parte responsável por algumas das alterações efectuadas neste BMW. Trata-se do grupo Stanceboss, formado por um conjunto de amigos reunidos em torno de uma mesa de café, em que os carros rebaixados e o gosto pelos projectos são tema de conversa constante. Sem picardias, sem confusões e com muita união, este grupo viaja junto para os eventos e utiliza os projectos automóveis como desculpa para estreitar amizades e conhecer o país.
Era altura de rumarmos a Braga, pelo que nos despedimos do Michael e da sua namorada com um até já, dado que será fácil o reencontro em eventos ou pequenas confraternizações de amigos em comum. Deixamos a zona ribeirinha do Porto, sempre a olhar para a próxima desculpa para cá voltarmos, cientes que conseguiremos novamente retratar através da fotografia automóvel a cultura petrolhead tão viva nesta zona do país.
