Green.zilla

     A sigla GTR é, talvez, uma das mais conhecidas e admiradas no mundo automóvel. Faz parte do line-up da Nissan há várias décadas e está associado a modelos desportivos, cativantes e muito virados para a condução e performance. O presente modelo foi lançado em 2007 e é, basicamente, o sexto modelo a ostentar a sigla na traseira (e em outros locais) mas também é o primeiro a ser independente da linhagem Skyline, dado que a marca nipónica atribuiu esse nome a versões mais luxuosas do seu alinhamento. Contudo, as três letras continuam associadas a alcunhas no mundo automóvel, como a de Godzilla, nome atribuído primeiramente à versão R32, no final dos anos 80, por várias publicações jornalísticas e aficionados do modelo. A partir daí, o nome Godzilla basta para rapidamente percebermos de que carro estamos a falar. Depois existem ainda códigos internos, sendo este Nismo parte da linhagem R35 (proveniente dos códigos de chassis: CBA-R35, DBA-R35 e 4BA-R35, abreviando, R35) e veio substituir o mítico R34 (que temos também em ensaio AQUI) e que deste apenas herdou o espírito, a aura e claro, os quatro farolins traseiros redondos cuja assinatura é inconfundível.

      O R35 manteve algumas coisas do ponto de vista mecânico, nomeadamente o sistema de tracção integral dos últimos Skyline GTR e o motor de 6 cilindros twin-turbo. Mas o famoso RB26DETT do R34 foi substituído pelo V6 VR38DETT, para melhor economia e estar em conformidade com leis de emissões que tanto penalizaram os anteriores GTR’s. O R35 foi, desde o início da sua comercialização, comparado com os modelos alemães equivalentes, nomeadamente com o 911 Turbo e o Audi R8, por exemplo. Obviamente que essas comparações ganharam ainda mais força quando a Nissan resolveu colocar o seu R35 na pista alemã Nürbürgring e bate o tempo do 911 Turbo, com a pista molhada. A partir desse momento, a luta germano-japonesa intensificou-se com melhorias de parte a parte, alterações mecânicas e estéticas com objectivos semelhantes: ser melhor que o rival.

O cenário citadino «casou» muito bem com este GTR.
Imponente este R35 NISMO!

      Apesar de ter sido lançado em 2007, só chegou à Europa em 2009, um ano depois de chegar ao mercado americano, por necessidade da Nissan construir centros de apoio e serviço mecânico específicos em cada zona geográfica para garantir o apoio aos GTR’s comercializados. Ainda hoje, 14 anos depois do lançamento, cada GTR vê o seu motor ser construído à mão por uma equipa de cinco elementos, na fábrica japonesa em Yokohama, com o nome de cada um deles a ser gravado no bloco motriz, um pouco como fazem a Lamborghini ou a Mercedes-AMG. Depois da montagem, cada GTR é testado na pista privada da marca por pilotos profissionais, a maioria deles a competir nos campeonatos de Turismo, Drift ou Resistência, pela marca nipónica.

      Mas já escrevemos muito sobre o GTR normal… e o NISMO? O que tem assim de especial? Bem… tudo! Em primeiro lugar, ostenta o carimbo da divisão desportiva da Nissan e que é responsável por todo o desenvolvimento de competição da marca. Esta sub-marca (tal como a AMG e a divisão M, por exemplo) é independente mas interdependente da Nissan e tem centros de desenvolvimento em conjunto. É na NISMO que todos os modelos Nissan de cariz desportivo passam horas para serem aperfeiçoados, desde o Juke ao GTR, passando por propostas únicas como o Juke GTR, um pequeno SUV com mecânica, chassis e dinâmica do GTR. Um projecto one-off que serviu principalmente para mostrar ao mundo que os engenheiros da Nissan e da NISMO são capazes de… bem, basicamente, tudo! A versão NISMO surgiu cerca de 6 anos depois do GTR normal e mostrou em casa, no Salão de Tóquio de 2013, a marca dos 7:08:679 minutos para uma volta completa no Ring,, esmagando o tempo da versão «base» e reacendendo a competição entre a Nissan e a Porsche, por exemplo.

     Nesta fase do artigo, convidamo-lo a espreitar o nosso artigo do GTR para verem as diferenças principalmente estéticas, claro, mas também dinâmicas e de performance. O NISMO ostenta o motor V6 do GTR, mas aperfeiçoado e com muitas alterações mecânicas para aumentar a potência para os cerca de 600 cavalos com 652 nm de binário. A powerplant que este desportivo tem debaixo do capot impulsiona o GTR dos 0 aos 100 km/h em apenas 2,5 segundos, fazendo uso da tracção integral para ajudar a meter toda a potência no asfalto, recorrendo também a uma caixa de dupla embraiagem que melhorou bastantes milissegundos a passagem de velocidade, otmizando os tempos em pista e a resposta ao pé direito.

     Mas há mais, bastante mais a falar do NISMO. Começamos claro, pela mecânica, mas temos de nos focar também na dinâmica, nomeadamente no chassis/travões e suspensão. O NISMO conta com chassis reforçado, utilizando barras estabilizadoras mais resistentes aos efeitos torcionais, principalmente atrás, onde monta uma barra estabilizadora da divisão desportiva e que é utilizada nos GTR’s do campeonato de Turismo. E se este carro anda bem, precisa de travar muito bem e para isso a NISMO instalou um sistema de tubagem de arrefecimento dos massivos travões que na altura de lançamento, eram os maiores instalados em automóveis desportivos de estrada, com 390mm no eixo frontal e 380mm no eixo traseiro, escondidos pelas especiais e específicas jantes de 20 polegadas da RAYS, feitas em exclusivo para os NISMO. A maioria dos NISMO saíram de fábrica com pneus Dunlop SP Sport Maxx GT600, derivados dos utilizados em competição.

      Esteticamente temos diferenças óbvias, um pouco por todos os sectores do GTR. A frente mais agressiva, tem um novo pára-choques com uma gigantesca entrada de ar central, que alimenta de ar fresco o V6 possante que se esconde atrás da grelha trapezoidal que ostenta, orgulhosamente, o emblema GTR e um outro NISMO, que neste caso, foram também personalizados com o vinil Army Green da Inozetek que revestiu todo o carro. Temos também um lip em carbono, que foi protegido com PPF e que acentua o ar demolidor deste GTR. A iluminação está a cargo dos faróis bi-xénon e claro, das já obrigatórias DRL’s uma em cada canto do pára-choques. Mais acima no capot, as entradas de ar foram personalizadas com pelicula piano-black para maior contraste e para combinar com a cor das jantes.

      Na lateral o grande destaque é mesmo as tais RAYS de 20 polegadas, rematadas em negro e com detalhe verde (igual à cor da carroçaria) na letra «o» do NISMO. São detalhes que valem a pena e destacam a atenção com que este GTR foi preparado. Além das jantes, percebe-se que a suspensão é mais baixa, fruto das mãos fantásticas dos engenheiros da divisão desportiva NISMO que instalaram o mesmo sistema utilizado em competição, alterando apenas o curso dos amortecedores e a rigidez das molas, para tornar este GTR «conduzível» nas estradas fora dos circuitos. Temos também as embaladeiras em carbono com detalhes em Army Green que fazem a ligação entre a frente e a traseira. E é neste perfil que notamos também as películas solares nos vidros e a protecção cerâmica realizada quer na carroçaria, quer nas jantes.

       Já na traseira, o destaque vai para a massiva «asa». O spoiler em carbono, montado na tampa da bagageira também ela em carbono, foi também protegido com PPF e reluz com o sol de outono que se fez sentir nesta sessão, num local bastante interessante e que sentimos que vai ser novamente utilizado já em breve. Este estacionamento, ladeado de prédios, trás uma vibe mais moderna e em simultâneo, canaliza a atenção para o carro. E que carro! As quatro enormes ponteiras de escape em titânio (como o restante escape) são responsáveis por algumas chamas em desaceleração e pelo soar metálico tão típico dos motores japoneses. As mesmas estão embutidas num difusor de grandes dimensões, todo ele em carbono e também ele com detalhes a verde-militar. E tal como todos os outros setores em carbono, também o difusor foi protegido com PPF, como não poderia deixar de ser. O emblema Nissan em preto, o NISMO com o tal «o» em verde e os quatro farolins que fazem a ligação com os GTR’s anteriores selam a traseira deste GTR, tão tipicamente japonesa quanto todo o resto.

        E apesar do foco da Overlay, empresa que personalizou este GTR NISMO ser o car wrap não podemos deixar de abrir as portas e admirar o habitáculo totalmente focado para o condutor. O volante em alcântara convida-nos a sentar e meter-lhe as mãos e tomar atenção ao emblema que ostenta no centro. As três letras fazem as honras para o restante interior, onde o vermelho da NISMO marca presença, não só nos bancos Recaro como no conta-rotações. E por ser um carro proveniente da geração Playstation, existe muita tecnologia focada para a condução desportiva e para a dinâmica apurada que este NISMO tem, com um ecrã central que é basicamente um centro de análise. Temos contadores de potência, medição de força G, pressão de pneus, óleo e água, vários manómetros de temperatura, gestão da travagem, suspensão e escapes… tudo isto em vários menus, um pouco confusos mas que com habituação se tornam essenciais. Resta-nos dizer que todo o interior foi alvo de retoque e detalhe pelas mãos da Reverlab, que trabalham em parceira com a Overlay.

       Fechamos a porta e o nosso coração acelera, porque é altura de fazermos umas fotos em andamento. E se as tão famosas rollingshots são cada vez mais procuradas nas sessões fotográficas, fazê-las na Ponte Vasco da Gama é um sonho tornado realidade. Apesar de sermos da zona de Lisboa/Margem Sul, nunca pensamos em usar as pontes que atravessam o Tejo como cenário para estas fotos em andamento, muito por serem bastante movimentadas e claro, haver sempre o risco inerente a todo o processo. Mas o desafio estava lançado e não era altura de dizer que não e por isso, fizemo-nos à estrada para captar em movimento este GTR NISMO.

      E se este Nissan é bonito parado, a rolar numa das maiores pontes do mundo fica ainda mais belo. O verde militar condiz bem com o fundo que a Vasco da Gama propícia com o rio e a cidade de Lisboa a fazerem de cenário para estas fotos. E apercebemo-nos rapidamente que este GTR, especialmente nesta cor, não passa despercebido. Foram muitos os que passaram por nós e filmaram, fotografaram e fizeram um thumbsup ao GTR e até ao nosso trabalho, esperando então que sejam muitos a ver este artigo e as partilhas nas redes sociais. E se uma passagem na ponte era mais que suficiente, dado que tínhamos de voltar a Lisboa para almoçar aproveitámos novamente a viagem para mais fotos a rolar. Resultado? Mais de um milhar de fotografias que nos deixou cheios de trabalho para escolher quais as melhores para editar e certamente que já perceberam a dificuldade que tivémos, pela quantidade de rollers que postamos neste artigo.

       Não podemos terminar este artigo sem vos pedir para espreitarem o vídeo em baixo, que mostrar um pouco do trabalho feito neste GTR e claro, o aspecto final e que a nosso ver, complementa na perfeição as fotografias que aqui vos mostramos. E sobre o GTR NISMO, só temos a dizer que é daqueles automóveis que não nos deixa indiferentes, mesmo que a cor escolhida não seja do agrado de todos. Contudo, isso não «belisca» sequer a imponência, desportividade e agressividade que este NISMO ostenta e podemos afirmar com todas as certezas que faz parte do núcleo pequeno de grandes desportivos japoneses, onde figuram nomes como o Honda NSX, Toyota Supra, Mazda RX7 e claro, todas as outras gerações que têm na traseira o logótipo GTR.