
Uma única letra que veio tentar destronar uma sigla com décadas de história já abordada por nós na All Wheels Photography. Pode parecer difícil que se consiga fazer algo melhor do que o GTI mas a Volkswagen soube pegar neste e dar-lhe mais carisma, mais poder e acima de tudo, mais alma. Numa altura em que a crise das emissões parece mais calma no seio da marca alemã, o Volkswagen Golf atinge o auge da evolução na sua sétima geração, com um habitáculo reforçado, um chassis competente e uma panóplia de motores e versões aptas a agradar a todos.



A sétima geração (mk7) trouxe maior espaço interior, maior bagageira e melhores acabamentos, fruto não só de uma base partilhada com os irmãos Audi A3, Seat Leon e Skoda Octavia como de um investimento de vários milhões de Euros na linha de montagem e na pesquisa de melhores materiais e equipamentos, bem como na melhor eficiência dos seus motores, principalmente os diesel que tanta polémica provocaram no escândalo das emissões que abalou o mercado. Politiquices à parte, não podemos julgar uma marca apenas por uma situação menos boa e não nos podemos esquecer que apesar dos excelentes Tdi que a marca produz à décadas, também produzem motores a gasolina capazes de corar até o mais corajoso dos condutores.





Esta sessão fotográfica começa em Monsanto, um dos nossos locais de eleição quer pela localização central na capital portuguesa como pela vastidão de recantos, estradas sinuosas e zonas verdes. O ponto branco surge na traseira do nosso carro com rapidez e faz-se logo notar, com um ressoar grave proveniente do sistema de escape – este Golf sabe como marcar presença, sem dúvida. Pelas curvas e contra-curvas das bonitas estradas do «pulmão verde» de Lisboa, lá fomos a caminho do local por nós escolhido para conhecer melhor o topo de gama do utilitário alemão.




Comecemos pelo óbvio: a estética. O Golf GTI é um desportivo sóbrio, com pequenas alterações perante as versões menos potentes, que se faz notar pelas generosas jantes ou pela sigla GTI. Mas o Golf R anuncia-se como se fosse um novo cavaleiro no reino, a entrar no átrio do salão da festa, com vestimenta imponente, ar ameaçador e um cantar profundo. Apesar de «pintado» num tom claro, nem na cor este Golf é simples, pois encontra-se envolto numa bonita cor branco-pérola de nome Oryx, que dá maior envolvência às linhas marcadamente desportivas. Os vincos laterais que saem dos guarda-lamas alargados disfarçam as duas portas extra, que segundo muitos «matam» qualquer automóvel de pretensões desportivas.



Na frente o maior destaque vai para a assinatura das luzes. Os leds diurnos em forma de «U» envolvem os faróis bi-xénon direccionais e ligam-se à grelha do símbolo de forma perfeita. O pequeno «R» na grelha é subtil mas suficiente para que ninguém se esqueça que atrás dele se encontram largas centenas de cavalos prontos a galopar estrada fora. As entradas de ar mais volumosas (principalmente a central) e os pequenos deflectores nas laterais do pára-choques frontal completam a frente deste Golf.






A lateral já falámos de forma resumida: 2 portas de cada lado, um vinco marcado e saias laterais a compôr o conjunto. Uma estética simples, que quase engana o menos atento dos observadores, mas que ganha logo vida quando se desvia o olhar para as enormes jantes Cadiz de 19 polegadas que preenchem na perfeição as grandes cavas. Ainda na lateral, a pequena insígnia R e os espelhos prateados dão um toque de classe a um veículo marcadamente virado para a dinâmica.





Bem, depois da frente e da lateral, falemos da traseira. Sim porque é provável que seja esta a zona do Golf R que mais verá, se encontrar um destes Golf na estrada. É inegável que a grande diferença (e quase a única) entre o Golf R e os irmãos menos potentes são as quatro ponteiras de escape responsáveis pelo bonito entoar do motor. Os farolins em led mantém-se nas versões melhor equipadas e o pequeno spoiler da mala compõe o ar mais desportivo deste topo de gama. Neste modelo específico ainda podemos ver o tecto de abrir panorâmico que a nosso ver, é imprescindível neste e em outros modelos, dado que aumenta a luminosidade e a sensação de espaço no interior.






Depois de algumas fotografias gerais ao exterior do Golf R, abrimos as portas desta sétima geração para vermos o que mudou desde a anterior versão (que fotografámos recentemente – Show Golf). Assim que olhamos para o interior, deparamo-nos logo com autênticas poltronas com excelente apoio lateral, em pele bicolor Vienna, que nos envolvem muito bem e em especial numa condução mais «apurada». E por falar em condução apurada, podemos já falar da brilhante DSG que equipa este Golf. Além da passagem de mudanças quase imediata graças à dupla embraiagem, os Golf R equipados com DSG são mais rápidos dos 0 aos 100 km/h quase 1 segundo. Pode parecer pouco e efectivamente apenas em pista se nota esta pequena diferença mas o maior conforto numa condução citadina também pode pesar na decisão de optar pela manual de 6 velocidades ou pela DSG. Ainda pelo interior, o volante de base plana com inscrição R e o tablier com o ecrã multifunções (GPS, informações do carro, entre outros) atribuem um aspecto premium a este Golf. E podemos constatar que o AC automático funciona muito bem, pois apesar do céu encoberto, o calor marcou presença (e mais tarde, a chuva também)!






O que diferencia o R do GTI? Além da diferença óbvia do preço, uma das maiores diferenças é mesmo o motor. Não o bloco em si, pois mantem-se o 2.0 TSI mas aqui debita três centenas de cavalos responsáveis por colar o condutor (e os passageiros, claro) aos bancos. Os 380 nm podem parecer muito para um veículo com uma distância entre eixos curta, mas a tracção integral 4motion ajuda a manter o Golf R na trajectória certa, constantemente. Este sistema integral da Haldex utiliza um sistema de poupança de combustível bastante útil: em velocidades mais baixas ou em modos de condução calmo, o eixo traseiro é «desligado» e o Golf apenas passa a potência ao asfalto através das rodas da frente mas em modo de «ataque», o eixo traseiro recebe até 50% da potência. Este sistema de tracção é ainda auxiliado por um mecanismo electrónico que simula a função de um autoblocante, aplicando os travões nas rodas com menor tracção em determinado momento.


O aspecto desportivo além de ser assegurado pela estética do Golf, é acentuado pela suspensão mais baixa cerca de 20 mm face aos Golf normal. Este modelo específico está equipado com a suspensão de Controlo Dinâmico do Chassis (DCC) e oferece três modos de amortecimento: Conforto, Normal ou Corrida; cada um destes oferece uma determinada rigidez e capacidade de amortecimento mesmo em estradas em pior estado. No modo Corrida, o favorito de todos nós, acreditamos, além de aperfeiçoar a suspensão diminuindo o rolar da carroçaria em curva, melhora a resposta do volante (torna-o mais directo e incisivo), torna mais sensível a resposta do acelerador e claro, ajusta a DSG para passagens de caixa mais tardias de forma a explorar toda a curva de binário em cada velocidade. E no meio de todos os extras e detalhes tecnológicos que encontramos neste Golf R, um dos mais interessantes é… um simples botão, que permite desligar completamente o ESP o que, convenhamos, é algo raro nos desportivos actuais.


Depois de analisarmos o folheto de um qualquer stand da Volkswagen, e de pararmos para olhar para este Golf, percebemos que felizmente, o mundo dos desportivos não morreu. A luta para baixar as emissões, produzir veículos com motores mais pequenos e económicos e com isto, automóveis menos interessantes de conduzir continua mas ainda existem engenheiros, designers e acima de tudo admiradores de automóveis com alma, capazes de aumentar a batida cardíaca ao mínimo toque no acelerador. Este Golf R é um desses automóveis.




Sem esquecer a parte prática de um utilitário, pois consegue sentar muito confortavelmente 4 adultos, permite ao seu condutor atingir velocidades proibitivas (limitado electronicamente aos 250 km/h) e percorrer sinuosas estradas sempre com a segurança e satisfação de se estar a conduzir um portento da tecnologia moderna. Agora, será que este R vale a diferença de preço do GTI? Será que uma estética mais agressiva e um motor ligeiramente mais potente justifica essa diferença? Apenas o verdadeiro aficionado do modelo pode responder a isso de uma forma justa pois se pensarmos de forma racional, talvez se opte pelo «clássico» GTI mas se analisarmos a questão de forma emocional certamente que a escolha vai para o «possante» R. Na AWP como não somos esquisitos, venham os dois!
