
Antes de existir a All Wheels Photography, já andávamos por este mundo dos automóveis. Íamos a encontros, concentrações ou meros «ajuntamentos» de aficionados para ver os carros, aquilo que nos unia com os restantes, mesmo que não houvesse mais nada em comum entre si. Além de ver os projectos ou clássicos, dependendo do estilo do encontro, também fomos forjando conhecimentos e amizades que foram além do automóvel em si e que ainda hoje vamos mantendo por perto. Umas mais fortes e presentes que outras, essas amizades têm servido para partilhar conhecimentos, opiniões e para entre-ajuda principalmente desde o início da AWP.



Apesar de parecer que nos estamos a repetir, dado que já abordamos a temática da entre-ajuda e amizade noutros artigos, é um factor que mantemos bem vivo e presente pois tem sido a principal «arma» no crescimento da AWP e como tal, não nos cansamos de o referir. Com essas amizades, vamos apredendo também mais sobre cada especialidade e tendo em atenção o universo de detalhes, marcas, modelos, alterações e estilos, tentamos chegar a todos de forma igual. Se percorrerem o nosso menu, percebem que tentamos abordar a temática automóvel (para já!) de uma forma generalizada mas a nossa procura continua a ser maior na área da personalização automóvel, onde cada vez mais a fasquia está em níveis altissimos.





Se nos acompanham nos últimos tempos, mesmo com a mudança de site e ajustes no nosso portefólio, já sabem que tentamos mostrar o que melhor se faz por cá em termos de projectos automóveis e com as fotos que já viram até este momento, concerteza que conhecem este automóvel e o seu dono, mentor e dono da TM Pneus & Acessórios, que labora na Bobadela, às portas de Lisboa. Especializados em pneus, jantes e suspensões, era questão de tempo até se aperfeiçoarem na colocação das tão badaladas suspensões a ar, surgindo a TM AirRide. Já tivemos nas nossas sessões fotográficas alguns projectos com o cunho da TM, nomeadamente o Audi A4 com jantes Bentley e o VW Golf amarelo que postámos há cerca de mês e meio. Mas faremos um artigo em detalhe sobre o trabalho da TM em breve, com a participação de alguns projectos bem conhecidos.

E o que temos então à frente das nossas lentes, numa tarde quente de verão? Um Renault Clio RS? Sim. É mesmo um Renault Sport, com toda a sua presença e com o motor pujante e capaz de velocidades bem elevadas, sem recorrer a turbos ou ajudas electrónicas. Puramente atmosférico. Mas não é bem do motor que vamos falar aqui, dado que as grandes alterações estão em volta do motor. Mas antes das alterações, temos só de enquadrar este modelo dado que é o primeiro Clio que nos passa pelas mãos.




Certamente que já todos viram Clios na rua, ao longo de todas as suas gerações e durante os 28 anos de comercialização. A geração que aqui mostramos é a segunda, vendida entre 1998 e 2005 e uma das mais bem sucedidas gerações de modelos da marca francesa de sempre. O baixo preço aliado à economia de motores e à durabilidade do modelo ditaram o seu sucesso. Como em muitos modelos, a segunda geração do Clio conheceu uma «lavagem de cara» em 2001, atualizando grande parte da secção frontal e os farolins atrás. Ajustes também nos motores (introduziram o 1.5 dci) e interiores renovados com ar condicionado e sistema de navegação nos modelos mais caros aumentaram ainda mais o sucesso desta geração.


Ao lado destas evoluções e a par com as mesmas estavam os RS, modelos «quase» topo de gama com motores a gasolina, suspensão trabalhada, chassis otimizado e diminuição de peso em alguns painéis. E dizemos quase topo de gama porque ainda existia o Renault Clio V6, com motor central de 3 litros e 230 cavalos derivado da competição. O RS que aqui temos tem o motor 2 litros de 170 cavalos que é mais do que suficiente para projectar o baixo peso deste modelo a velocidades acima dos 200 km/h. Aqui a expressão pocket-rocket ganha peso pois a forma como a potência é entregue ao eixo frontal e o carro «galga» o velocímetro é algo impressionante para um modelo com quase 2 décadas de vida.



O Renault Clio RS que vos mostramos é um fase 1, ou seja, é a primeira versão da segunda geração mas ao olhar para ele vemos a fase 2, segunda versão. Sim, o Tiago trocou todos os componentes externos para atualizar o seu projecto. Na frente a principal alteração são as óticas, de xénon tal como no modelo RS desta segunda versão que, além de aumentar a visibilidade noturna, melhora também o aspecto e acentua o factor de agressividade do modelo. Juntamente com isso, as grelhas RS e o pára-choques foram também trocados, conferindo uma nova cara a este modelo. De frente é visível ainda os guarda-lamas mais largos consistente também com o tal facelift.




Sendo este Clio um projecto, as alterações de atualização da imagem andam a par com as modificações e é na lateral que são mais evidentes, com as jantes OZ Futura de 17 polegadas de diâmetro e 8 de largura a marcar forte presença, talvez devido à sua cor antracite que contrasta na perfeição com o tom cherry da carroçaria. Rebaixado no seu máximo com suspensão TM AirRide de gestão manual, este Clio encosta o «peito» ao chão, sendo mais evidente este facto na frente que na lateral ou traseira. Característicos destes modelos desportivos com suspensões alteradas e fruto de um chassis mais virado para a performance, o aspecto em «cunha» do modelo é evidenciado quando olhamos para este RS de perfil.




Atrás os novos farolins, mais complexos e escurecidos que os de fase 1 formam uma linha externa com o retalho do pára-choques desportivo que, sem difusores ou outras distrações, ainda hoje cativa o olhar com as suas linhas simplistas. Espreitando de trás este Clio, é evidente o toque no camber traseiro e a largura das OZ Futura, dando um ar musculado e «gordo» a este Clio.








Aproveitamos o sol alto para fazermos as fotografias de interior, onde claramente também se apostou no rejuvenescimento do mesmo. Com tudo alterado também para a segunda fase, o volante, bancos e detalhes da consola central sofreram intervenções, tendo um ar mais jovial do que a data da matrícula faz sugerir. Em pele e alcântara, os bancos deste Clio, não sendo em formato baquet, oferecem uma boa adesão ao corpo e permitem manter o condutor e passageiros no lugar enquanto se descrevem curvas com mais vontade. Tipicamente dos anos 2000, o volante tem um diâmetro algo exagerado mesmo para um desportivo, mas não interfere de forma grosseira na condução mais desportiva. A aposta nos detalhes é evidente neste projecto, quando até a cadeirinha do bebé é da Recaro e combina com o interior e até o exterior deste Clio.




Para muitos, este projecto representa uma heresia. Um modelo desportivo, com cunho da Renault Sport (divisão da marca francesa especializada nos modelos de competição e desportivos de estrada) a ser rebaixado e com jantes largas perde a sua principal função, que é andar depressa e de forma eficaz. Mas desenganem-se pois este Clio continua a fazer isso tudo. Tal como diz o seu dono, não o iria levar para a pista por opção pessoal mas continua a conseguir fazer o gosto ao pé e aos braços quando lhe apetece subir uma serra em ritmo mais vivo. A aposta neste projecto está ganha, pois pegar numa base que habitualmente se vê com modificações meramente de performance e fazer algo diferente, especialmente por ser um RS original, é algo bastante único e que define a essência de se ter um projecto. Personalização e transformação de um automóvel ao nosso gosto, jeito e vontade.

