Em fim de semana natalício, pensámos em fazer uma pausa dos artigos, para que todos os nossos leitores e seguidores possam aproveitar as suas prendas e o tempo em família mas perante todas as limitações que vivemos atualmente, este é o nosso mimo para o final dos quatro dias de um Natal cuidadoso e muito virtual. Ora bem e com as introduções feitas, passemos ao automóvel em questão, que pelas fotos iniciais, já perceberam que é uma versão rara e muito interessante em Portugal – O Citröen DS3 Racing. Lançado em 2010, prometia ser o mais exótico dos pocketrocket, com diversas opções de personalização um pouco como o Mini, mas com mais irreverência e dados estilísticos característicos da DS, que passou de uma simples versão da marca francesa para submarca de «luxo» da mesma e que aqui aproveitou a necessidade de inscrever o DS3 no WRC para utilizar todo o seu know-how nesta versão de estrada que utiliza o mesmo 1.6 Turbo da versão normal mas com uns extras que puxam a potência dos 154 para os 207 cavalos.
Esta unidade motriz permite impulsionar o DS3R rapidamente até aos 100 km/h em 6,5 segundos. Pode parecer «muito tempo» mas falamos de um veículo que utiliza apenas as rodas da frente para colocar a potência no chão e faz uso do seu baixo peso (pouco mais de 1200kg’s). Mas o que é importante neste veículo é o componente estético, onde a atenção dos designers e engenheiros se focou de verdade. Aliás, todos os modelos da linha DS são hoje conhecidos pelo arrojo estético e pela diferença nas suas linhas, ângulos e assinaturas de luzes, nomeadamente na forma como a iluminação é utilizada. E é neste ponto que avançamos, dado que este modelo que aqui vos mostramos até tem os faróis e farolins das versões restyling dos normais DS, que partilha com o mais desportivo DS3R o formato dos mesmos.
A utilização dos leds na iluminação é amplamente utilizada pela maioria das marcas atualmente. Neste DS3R, a opção por este tipo de iluminação era obrigatória pelo charme e clareza que os leds conferem. Este kit inclui os bonitos faróis da frente e também na traseira bem como um efeito 3D nas siglas DS no interior, um toque interessante e que confere classe ao habitáculo deste hothatch.
E já que falamos do interior, o que dizer dele? É um excelente local para se estar, bastante acolhedor e interessante de admirar e passar uns bons tempos. As aplicações em carbono são várias e reforçam o aspecto desportivo deste DS3 e claro que as tão essenciais baquets semelhantes às utilizadas pelo «primo» 208 GTi completam este feeling. Destacamos ainda os tapetes exclusivos desta versão (cujo valor na marca também é quase proibitivo) e que completam o aspecto mais aguerrido deste desportivo. No «nosso» DS3R o tablier laranja com os decalques inspirados na aviação (que no exterior são bastantes) marcam o ambiente e cativam à condução mais desportiva. Quase que nos puxam a usar bem o pé direito e a caixa manual bem escalonada de 6 velocidades. O espaço a bordo não é referência do segmento mas perante os adversários, tem uma excelente habitabilidade e é confortável, apesar das jantes de 18 polegadas e pneus de baixo perfil mas talvez aqui seja importante mencionar a suspensão dianteira independente e com barras de torção mais rígidas que apesar de conferir um pisar firme e mais «ruidoso» em mau piso, aumenta a confiança ao volante; bem, isso e as pipocas que surgem no escape aftermarket instalado e que engrossa o cantar deste DS3R.
O DS3R é mais largo cerca de 30 mm e circula 15 mm mais perto do solo (este, um pouco mais pois tem alterações na suspensão) que as versões mais «amenas» e juntamente com tudo o que descrevemos anterior, permite uma condução muito interessante para um veículo de tracção frontal. Não tem vetorização de binário ou outros detalhes eletrónicos que ajudam a digerir a potência por parte do eixo dianteiro mas não é por isso que o sorriso na cara nos larga ao volante. É inciso, preciso e seguro em curvas apertadas, sendo preciso muito para que a traseira se solte. Já a frente tem alguma tendência para sair da trajectória mas é facilmente contornável graças ao apurado chassis com muita intervenção do departamento da equipa desportiva da Citröen.
Na sua essência, o DS3R é um desportivo nato. Troca o requinte das versões mais «normais» pelo pisar firme no asfalto e a estética trés chic pelo carbono e cores garridas mas é especial e bastante interessante de conhecer. Tem detalhes muito interessantes que já exploramos e outros como a chave específica com a sigla Citröen Racing a vermelho. A zona do Guincho e Sintra revelou-se um excelente campo de jogos para este francês que ostenta no nome Racing a importância dos desportivos franceses, sem recorrer à sigla GTI que tanto marca os antepassados da rival Peugeot. E por falar na rivalidade, num mercado cada vez mais populoso de pequenos desportivos, o DS3R acaba por ter um espaço muito pequeno muito por culpa do valor de venda nacional acima dos 35 000€ (em novo), cujo valor faz diminuir o interesse de possíveis interessados; no entanto no mercado dos usados é uma boa opção. Mais abaixo temos o Polo GTi, o Renault Clio RS, Peugeot 208 GTi, Ford Fiesta ST, Opel Corsa OPC e o Mini Cooper S JCW, talvez o mais perto do valor final do DS3R.
Mas quem quer um DS3R não olha ao valor. A compra destes modelos, seja qual for a opção tomada, é sempre emocional e não racional até porque todos eles derivam de versões mais filtradas, confortáveis e económicas mas não entregam a excitação, alegria e emoção ao volante destes pocketrocket. Quanto a este DS3R, é uma excelente forma de entrarmos no mundo da marca icónica DS Automobiles e deu-nos a conhecer um modelo muito interessante mas que deve ser conduzido no limite para explorar a fundo tudo o que este modelo tem para oferecer. O factor raridade ajuda a explicar o appeal deste artigo e a importância que lhe damos, querendo dar a conhecer aos nossos seguidores esta versão DS3R que poucos conhecerão.
