Código MT-07

    A liberdade que uma mota permite é inigualável. A sensação de «cabelos ao vento» (entre aspas porque o uso do capacete é para cumprir, claro) e a perspectiva totalmente diferente da estrada e do ambiente em nosso redor é o que motiva cada motociclista a pegar na sua duas rodas e enfrentar os desafios do dia-a-dia. Talvez também a maior adrenalina pelo risco de furar o trânsito e de serpentear por uma estrada de serra seja o que alimenta os fãs das motas mas no geral, quando se experimentar um veículo de duas rodas, raramente se deixa de andar. Além disso, o espírito motard cresce em cada colocação de capacete, em cada arranque feito e torna-se um vício. Um bom vício.

     A All Wheels Photography tem tido alguma dificuldade em captar clientes das duas rodas. Apesar de quem tem uma mota, a ver como melhor «amiga» e companheira de aventuras, a procura pelos nossos serviços tem sido escassa. Ainda assim, e tal como em todos os outros artigos, procuramos captar a essência e arte do veículo, olhando para ele como um prolongamento do seu dono e não como mero meio de transporte. E o que é facto é que o dono desta Yamaha MT-07 vê a sua mota como uma extensão do seu ser, como parte essencial de si e isso nota-se no carinho que tem sido dado a esta mota, na forma de alterações e detalhes e claro, estimação por ela. Mas já lá iremos.

Os decalques laterais denunciam o modelo.

    Apresentemos a Yamaha MT-07. A Yamaha é das marcas mais conceituadas do mundo das duas rodas. Com 64 anos cumpridos no passado dia 1 de Julho, a marca japonesa foi das primeiras a criar a imagem moderna da motocicleta mono-coque, inicialmente para cross mas cuja filosofia foi posteriormente estendida à restante gama. Os sucessos no desporto foram bastantes e em várias áreas, sendo os últimos ligados a pilotos consagrados como Valentino Rossi. E importante ainda referir que a Yamaha também produz motores para barcos e jet-skis e entrou também no mundo automóvel com o mítico Toyota 2000GT, motores para Fórmula 1 e diversas parcerias de motores como a Ford, Volvo, Lotus e Toyota.

    Fruto da evolução tecnológica das mais de seis décadas de existência, a MT-07 é inspirada no «lado negro» do Japão com o seu estilo naked e aspecto robusto e desportivo e é já uma das mais bem sucedidas da marca nipónica no mercado europeu. A Yamaha decidiu pegar num motor de 689cc e binário acima da média e juntá-lo a um quadro ágil e leve, permitindo uma boa dinâmica com um componente económico importante. Além disso, o 2 cilindros em linha de planos cruzados permitiu baixar o peso do conjunto, pesando a MT-07 (em seco) apenas 164 kg’s que aliado à concentração do peso à frente, carenagem esculpida e às jantes leves de alumínio, faz com que pilotar esta mota seja uma verdadeira delícia devido à sua agilidade e manobrabiilidade. A instrumentação digital com ecrã led e os discos dianteiros de 282 mm e pinças de 4 pistões completam os detalhes da MT-07 e facilita a sua utilização, tornando-a mais segura, mesmo em momentos mais adversos.

Confortável e ágil, adjectivos certos para a MT-07.

   Claro que tal como nos automóveis, também as motas podem ser melhoradas após a sua compra (ou até no momento da encomenda, caso sejam extras de fábrica) e a «nossa» MT-07 não é excepção. Com o objectivo de aperfeiçoar a condução e o estilo, esta Yamaha sofreu algumas alterações como o deflector Yamaha, deslizadores de quadro e eixos Msliders e a proteção de motor e bomba de água em CNC. Estética e dinamicamente optou-se pelos retrovisores mais aerodinâmicos do modelo de 2018, o obrigatório escape Akrapovic Titanium, piscas frontais em led e o farolim com piscas embutidos da Yamaha. Ainda se acrescentou a grelha de radiador R&G, colocou-se um suporte mais curto para a matrícula (da Yamaha E) e umas manetes mais desportivas e ergonómicas. A nível de borracha e para maior segurança e prazer de condução, a opção recaiu nos Pirelli Diablo Rosso III que apesar de indicados para trackday, são excelentes também no dia-a-dia.

Quem diz que as motas têm menos para apreciar? Os parafusos alinhados, as soldas, toda a mecânica à vista... um deleite.
Modernismo em duas rodas.

    Apesar de todas estas alterações mais detalhadas, a estética base da MT-07 mantém-se pois o objectivo era mantê-la simples e neutra. O dono chama-lhe Batman pois é toda preta, bastante discreta e de noite não é perceptível que é uma mota pois o escape alterou para melhor a «voz» e tornou-a mais grave. Na altura da compra da mota, a escolha inicial era a BMW S1000RR, mais cara e maior mas o investimento seria maior e para a pouca experiência enquanto motard, a opção por algo mais simples, ágil e equilibrada tornou-se obrigatória. Houve vários test-drives mas o facto de haver mais amigos com a MT-07 e esta ser rápida, equilibrada e fácil de conduzir de forma divertida ditou a opção.

     Pelas fotos é fácil de ver também o estado irrepreensível em que esta se encontra. Apesar de já ter dois anos, na altura em que começamos as fotos foi obrigatório colocar a questão de «há quantos dias a tinha» e pelos vistos são vários os momentos em que esta questão é colocada pois parece ter saído do stand há momentos. A estima, carinho e gosto que o dono imprime no tratamento da sua Yamaha MT-07 é algo que se vê e sente nas palavras proferidas por ele. É uma liberdade, uma parte de nós e uma peça de arte, além do mero rótulo de meio de transporte. É isto que nos motiva a continuar a trabalhar, é isto que define a AWP.

      “A sensação de condução de uma mota não é possível explicar por palavras, apenas andando de mota é que se sente.”