Boxster GTS – the Porsche you need

    Cá estamos nós, sentados ao computador, a olhar para as fotografias tiradas a este lindíssimo Porsche Boxster GTS e a pensar em começar este artigo. Vamos ao nosso perfil do instagram e damos uma volta pelas publicações dos nossos seguidores, clientes, amigos e parceiros para procurar inspiração mas… porquê? Será que precisamos de procurar inspiração nas redes sociais quando basta pensar nas emoções que sentimos e experenciamos em cada sessão fotográfica? Ou será mesmo apenas bloqueio de escritor? Seja o que for, já lá vai pois a partir deste ponto, todo o texto pareceu fluir como um rio até ao mar, de tal forma que foi difícil controlar as palavras para que não excedêssemos em demasia as informações sobre este excelente exemplar de Estugarda.

      Combinamos numa manhã a meio da semana com o Bruno (certamente recordam-se do fantástico 997 GT3 que fotografamos há umas semanas) para fazermos esta sessão que teria uma importância diferente do habitual. Este Boxster mudou de mãos e o Bruno não o esquece. Apesar de haver necessidades diferentes de momento, este Boxster ocupou e continua a ocupar um espaço muito importante na memória e na caixinha de recordações na vida do Bruno. E percebemos rapidamente porquê. Como e que um carro pode mudar a nossa percepção da realidade, da forma como vivemos e sentimos os nossos automóveis? Para os que até têm a (triste) ideia de dizer que o Boxster é o Porsche dos pobres, sugerimos que continuem a ler este artigo.

Pelas ruas de Lisboa, este Boxster GTS não passou despercebido.

      Há muito que a Porsche utiliza siglas nos seus modelos, associados aos emblemáticos nomes e números. Carrera, Turbo e 911 são três dos mais conhecidos acrónimos na esfera automobilística e todos os fãs de «carros» rapidamente associam à marca alemã. Mas com a evolução do mercado e a necessidade de fazer upgrades a determinados modelos, sem desvirtual os referidos nomes e números, a Porsche surgiu com a GTS – Gran Turismo Sport; e desde este Boxster (e o meio-irmão Cayman) que a utiliza para posicionar determinado nível de equipamento e potência nos vários segmentos onde disputa a atenção com outras marcas de renome. O posicionamento dos modelos GTS  traduz-se numa versão mais equipada, mais potente e habitualmente é designada como o topo-de-gama, seja em que modelo for.

       E qual de vocês é que nunca foi «sonhar» para o configurador da Porsche e perdeu horas a escolher e aperfeiçoar o seu modelo. A Porsche sabe o quanto isso pode ser bom para eles mas também bastante time consuming para quem pretende mesmo adquirir um dos seus modelos. Assim poupa-nos com um modelo muito bem equipado de origem, sendo apenas necessário ajustar alguns detalhes para que muito mais rapidamente encontremos a configuração perfeita para cada um de nós. E não era tão bom que as nossas «chatices» fossem configurar um Porsche? Claro que ainda há extras a escolher, como o sistema de luzes da marca que iluminam direccionalmente (PDLS), ou a suspensão desportiva com assistência electrónica e ajustes consoante o modo de condução (PASM). São só dois exemplos…

Com a necessidade a aguçar o engenhio,mudámos de local algumas vezes, o que ajudou a obter fotografias diferentes e a apreciar ainda melhor este Boxster GTS.

     A marca de Estugarda não brinca quando se trata de melhorar modelos que já existem e o Boxster é um deles, ao aproveitar o que de melhor tem – motor central e baixo peso aliado a uma distância entre eixos mais curta que o 911 e uma agilidade incomparável – ao mais potente 3.4 litros de 6 cilindros em linha que utiliza no 911 aqui com 330 cavalos aliados à fenomenal caixa automática PDK. O resultado dinâmico é sem igual no segmento com um equilíbrio único e uma forma deliciosa de fazer curvas e negociar estradas sinuosas. Associado a tudo isto, temos uma banda sonora bem mais interessante que muitos dos 911. Sim já sabemos que a sonoridade dos Porsche não é nenhuma «loucura» mas o que é facto é que dos Porsches atuais (arrefecidos a água em vez de a ar como até aos 993) este Boxster GTS soa mesmo bem. Talvez seja devido aos dois modos de escape que temos à disposição através de um pequeno botão na consola central que no modo Sport faz este GTS soar como um cão preso, ansioso por se soltar e ir morder os calções do carteiro.

     E já que falamos do som e da potência, permitam-nos que sejamos durante mais umas linhas, um pouco «chatos» com dados técnicos, mas assim sempre nos tornamos úteis para quem queira aprender um pouco sobre o Boxster GTS. Com a PDK este Porsche consegue negociar os 0-100 km/h em 4,1 segundos (dados da marca) recorrendo ao sistema launch control, que pudemos experimentar na sessão fotográfica e é apenas pornográfico quando se fixa nas 6600 rpms e de repente soltamos a fera em direcção ao fundo da estrada. E para a experiência ser total, temos um medidor de forças G no quadrante, para que possamos medir a força com que as nossas vértebras são esmagadas contra os bancos que… bem, já lá iremos.

       Fomos espreitar o alinhamento dos Boxster’s em termos de motores e prestações e o que é facto é que o GTS pouco mais rápido e eficiente é que o Boxster S, por exemplo. Mas o equipamento, estética e pacote base do GTS oferece muito mais pelo dinheiro que o S, sendo que para equiparáveis margens de evolução dinâmica, temos de acrescentar extras importantes na lista de compras de um Boxster S ao invés do GTS, cuja versão já é dotada de muitos dos essenciais detalhes e adições que podem fazer a diferença. E claro que temos de voltar a frisar a estética, com a versão GTS a ter detalhes que temos de destacar pois de outra forma, pode passar-vos ao lado.

      Como qualquer Porsche, assim que vira a esquina e desfila pelas ruas atrai logo atenções. Depois o ressoar do escape nos prédios altos do Parque das Nações faz o resto das apresentações. Não estamos perante um Porsche-zito, apesar de ser um Boxster e este modelo ser, na realidade, o entry model da marca alemã. Mas não nesta versão. O GTS é o topo-de-gama do modelo e isso destaca-se logo nas molduras pretas dos faróis da frente bem como das maiores e mais salientes entradas de ar do pára-choques frontal. É muito mais fácil encontrar os radiadores de ar por trás das inexistentes grelhas nas referidas entradas de ar e este Porsche assume logo uma postura desportiva inimitável.

      Com ou sem capota, o perfil do GTS é de um equilíbrio ímpar. A forma como a carroçaria pende sobre as cavas das rodas é quase simétrica, com as grandes jantes de 20 polegadas envoltas em competentes GoodYear Eagle F1 a tomarem o protagonismo. Depois, como em todos os Boxster’s, temos generosas entradas de ar junto à porta que refrigeram o seis cilindros que se encontra logo atrás dos bancos. Nas ruas de Lisboa, este modelo tem a virtude de se misturar bem nos tráfego habitual, sem as atenções indesejáveis de um Ferrari ou Lamborghini, mas ao mesmo tempo consegue chamar ao olhar daqueles cujo olho treinado se apercebe da existência de um modelo único e pouco habitual. Na traseira temos de imediato a comissão de boas vindas, composta pelo escape duplo central, o tal que parece o Dr Jekyll and Mr Hyde dos escapes, mudando de feitio só com um botão no interior. Além disso, o pequeno duck tail e os farolins mais escurecidos completam o estilo mais desportivo deste Boxster.

       A bordo deste Boxster também não se está mal. Ao contrário do que possa parecer, o espaço no habitáculo é mais que suficiente para dois adultos que viajam confortavelmente nos bancos em pele clara são confortáveis e ajudam a desfazer o desconforto que se possa sentir devido às jantes de 20 polegadas e aos pneus de baixo perfil. Mas não se esqueçam que este Boxster tem um truque na manga que se chama PASM e no modo Confort consegue mesmo ser muito agradável. Seja de capota aberta ou fechada, rolar neste Porsche é um excelente momento, uma óptima forma de percorrermos o Parque das Nações em busca de locais para tirar mais uma foto. Temos emblemas GTS em vários locais, alcântara um pouco por todo o lado e um quadrante focado para o condutor, com toda a informação rapidamente interpretada por quem está atrás do volante.

      No final do dia, este Boxster é um Porsche. É uma espécie de patinho feio com esteróides (dos bons) especialmente para os que acham, injustamente, que este modelo de entrada no mundo da Porsche é apenas isso, modelo de entrada, para os que não podem ter um 911. Pois bem meus caros leitores e seguidores, o Boxster cresceu, melhorou e atualmente e em pormenor este GTS é um sério rival aos 911 Carrera que por aí andam. A Porsche também já se apercebeu disso, especialmente com as vendas das versões S e GTS tanto do Boxster como do Cayman, o que levou a marca a produzir o GT4, um Cayman de «competição» com matrícula para andar na estrada e que é um verdadeiro demónio na estrada. Temos de agradecer novamente ao Bruno que nos confiou mais um dos seus modelos (neste caso, ex-modelo) para duas horas de excitação automobilística ao volante e zumbido nos ouvidos.