Aventador

  A noite antes de ir fotografar um carro desta gama, deste nível, é agitada. Não temos posição para dormir, e passamos largos minutos a imaginar os ângulos, detalhes e posições que não podemos falhar, como se de uma passagem única de um cometa se tratasse.

   Termos à nossa disposição 700 cavalos, com um binário capaz de voltar a juntar os continentes que formavam Pangea é algo que nos obriga a um esforço suplementar de entender o que é o automóvel. Não se tratar apenas de quatro rodas, um motor e um volante envolto em peças metálicas esculpidas em túneis de vento. Trata-se sim de uma escultura em fibra de carbono, que nasceu em Sant’Agata Bolognese, e que de imediato foi para as paredes dos quartos dos jovens adolescentes que sonham com supercarros.

É um carro cheio de deliciosos detalhes.

    O Lamborghini Aventador é um hino à tecnologia de ponta, à engenharia automóvel e ao design italiano, pegando na tradição da marca italiana e acrescentando uma dose de loucura saudável, sem esquecer o lado prático da sua utilização. Claro que não é o carro de família ideal, mas dentro do que a Lamborghini nos habituou nos seus topos de gama (Countach, Diablo, Murciélado), o Aventador é o mais user-friendly, com a possibilidade de desligar cilindros e de se utilizar o start-stop. E já que falamos do motor, o coração deste supercarro é algo que merece estar num pedestal no melhor museu do mundo.

   A evolução do V12 da Lamborghini ganha neste modelo um novo fôlego, e não graças apenas à sua potência e binário; Referimo-nos sim à forma como estes dois chegam ao asfalto, utilizando uma excelente caixa de 7 velocidades ISR que consegue trocar de mudanças em apenas 50 milisegundos – nem um pestanejar consegue ser mais rápido! Com tantos e tão grandes números, a forma como eles se traduzem em velocidade é igualmente importante. Para isso contribui a tração integral que pode enviar até um máximo de 60% da potência para as rodas da frente, ajudando a manter o Aventador na trajetória definida pelo condutor.

  Mas… todos estes números, dados, informações, o que querem dizer em termos práticos? Já sabemos que estamos na presença de uma verdadeira besta, mas para colocarmos em perspectiva, falamos de uma velocidade máxima de 350 km/h e numa passagem pelos 100 km/h aos 2,9 segundos. Agora experimentem fechar os olhos e contar até aos 3 segundos. Já está? Rápido não é? Ao vivo e a cores, estes valores tornam-se ainda mais intensos, pois a eles juntamos um trovejar vindo do escape de quatro saídas, um aspecto de nave espacial, baixo, largo, assustador.

   Este aspecto futurista, largamente inspirado no Lamborghini Réventon, alarga-se para o interior, onde temos um quadrante totalmente digital (sim, tal como noutros supercarros, também no Aventador o conta-rotações analógico não consegue acompanhar a subida vertiginosa das rpm’s do colossal V12 montado sob o eixo traseiro). A este quadrante decalcado de um filme do Star Wars, juntamos uma consola central inteiramente focada para o condutor, onde os grandes destaques vão para o botão de ignição, que parece “roubado” a um caça F16 e os modos de condução Starda, Sport e Corsa. Estes três modos permitem conduções completamente diferentes e distintas, com respostas diferentes do acelerador, suspensão, entrega de potência e mesmo som do escape.

Anguloso, agressivo, inigualável.

 

  No modo mais suave (Strada), a firmeza da suspensão é aceitável para a classe em que o Aventador se insere, e mesmo nas tortuosas estradas de Lisboa, consegue-se andar com o carro sem sentirmos que as nossas vértebras querem fugir das nossas costas. Os pneus larguíssimos, de baixo perfil (em jantes de 19 e 20 polegadas) ajudam a manter toda a potência no chão, permitindo linhas de trajectória quase impensáveis.

    O aspecto trapezoidal e com imensos ângulos não deixa ninguém indiferente, muito menos no nosso Aventador, pintado no fantástico Nero Pegaso tanto na carroçaria como nas jantes, onde contrastam as pinças laranjas dos fenomenais travões carbocerâmicos. O aspecto de Batmobile virou as cabeças dos transeuntes por onde passou e atraiu a atenção de alguns spotters que não deixaram de registar fotograficamente a passagem deste Lamborghini.

   Abrir as portas tão tipicamente Lamborghini, em tesoura, entrar no cockpit que nos envolve e nos faz pensar que estamos num carro mais pequeno que na realidade é e ligar o carro são emoções que tão depressa não esquecerei. A sessão de fotos fluíu rapidamente com cada olhar a descobrir um novo detalhe e um novo ângulo a explorar. Devido às atenções que um supercarro como este atraí, optou-se por fazer a sessão fotográfica numa estrada de acesso restrito o que se revelou uma escolha mais que acertada, com o verde da natureza e os tons quentes de fim de tarde a contrastarem com o aspecto urbano e tecnológico do Aventador.

   Este Lamborghini é sem dúvida, um ícone! Um exemplo do que melhor se faz no mundo automóvel, é um dos maiores objectos de culto deste século e provavelmente da história da marca e irá, para sempre, permanecer no inconsciente do ser humano enquanto prova do “mais é melhor”. Agradecimentos especiais ao stand BelouraCar pela confiança depositada e por nos ceder este fantástico Lamborghini.